A intenção do governador Camilo Santana foi clara, embora os resultados do seu movimento político ainda não pareçam assim tão cristalinos.
Incomodava o Palácio da Abolição a perspectiva de o comando do Poder Legislativo permanecer com Zezinho Albuquerque, do PDT, pelo quarto mandato consecutivo, coisa inédita na nossa história política.
Um aliado, do qual não se tem queixas a fazer pelo comportamento adotado à frente da Assembleia, a maior parte do tempo com o petista já no cargo, mas, convenhamos, há momentos em que a mudança se torna quase que uma imposição. O sentimento é de que a coisa chegou ao seu limite, na perspectiva de todos.
Os sinais de incômodo foram chegando até Zezinho, por caminhos diversos, e acabaram captadas por ele, um político de larga experiência. Coincidência ou não, por essa época começou a tomar corpo uma resistência mais forte à ideia de entregar ao MDB a secretaria das Cidades, objeto de cobiça de muitos partidos e aliados pelo expressivo volume de recursos que deverá administrar pelos próximos anos.
O que se avalia é que, no caso dos projetos vinculados à pasta, existe um maior grau de certeza quanto à execução nos próximos anos do que estava programado, independente das dúvidas naturais advindas da chegada de um novo grupo ao comando do poder federal após o histórico resultado de 2018 na disputa pela Presidência da República.
Houve, no clima da transição, em determinado momento, uma forte simpatia à ideia de oferecer ao neoaliado Eunício Oliveira, derrotado em seu projeto de reeleição ao Senado, a possibilidade de indicar alguém para uma pasta grande, expressiva, capaz de satisfazer o seu tamanho político.
Correspondente, por exemplo, a quem atualmente ocupa a presidência de uma casa do Congresso, o que não é pouca coisa. Neste ponto da conversa é que começou a surgir a opção da secretaria das Cidades, bem aceita por interlocutores quando colocada no campo da conjectura.
O cenário começou a ser redesenhado quando anunciou-se um acerto entre parlamentares das bancadas de PDT e PP para que coubesse a esta última sigla indicar o nome que iniciaria o segundo mandato de Camilo à frente da pasta. Ninguém poderá dizer que, publicamente, percebeu uma ação de Zezinho Albuquerque no sentido de alimentar este movimento, mas, podem acreditar, aconteceu.
Ainda mais, lembre-se, porque o PP do Ceará é presidido pelo deputado federal eleito AJ Albuquerque, que, o sobrenome trai, é da família do presidente da Assembleia. Filho dele, para ser mais preciso.
O final da história, sabemos, é que Zezinho Albuquerque ocupa a Secretaria das Cidades (ela mesmo), enquanto o MDB de Eunício, no primeiro escalão, ficou com a Controladoria (Aluisio Carvalho) e a Sesporte (Rogério Pinheiro).
Claro que a novela terá novos capítulos, um dos quais, já com data marcada, se desenrolará no dia 1º de fevereiro com a escolha do novo presidente da Assembleia. A preço de hoje, estão colocadas pra valer as opções Tin Gomes (preferido dos deputados) e Evandro Leitão (com a simpatia de Camilo e familiares de peso), mas ninguém ficará surpreso se, ao final, um outro nome surgir, a história do tercius, como solução pacificadora da base.
E, para surpresa de ninguém, todo o processo estará conduzido pelo próprio Zezinho, a pedido do governador. É aquela velha história política de que, ao final, eles acabam se entendendo.O POVO
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