Pela primeira vez na jovem democracia brasileira, o tema da segurança pública deverá protagonizar o debate da campanha presidencial de 2018.
O crescimento do poder de fogo das facções criminosas no Brasil pode, de forma inédita, protagonizar o debate de uma eleição presidencial.
A expectativa, conforme destacam especialistas e políticos consultados pelo O POVO, é que o assunto, que muito certamente estará em voga nas ruas e na televisão durante a campanha, pode colocar o tema da segurança pública no País em outro patamar.
O professor de Comunicação Política da Universidade Federal da Bahia, Wilson Gomes, pontua o ineditismo do tema em âmbito nacional. Ele diz que pautas tradicionais como saúde e desemprego “ficaram para trás” e podem ser coadjuvantes quando duelarem com “corrupção e violência urbana”.
Levando em consideração essa “novidade”, que deve pautar a eleição presidencial de outubro, o professor de ciência política do Ibmec/MG, Adriano Gianturco, visualiza que o simples fato de discutir o tema em um debate nacional já é um ponto positivo e que pode trazer benefícios para o País.
“Nunca ninguém falava absolutamente nada de segurança (nas campanhas). Então, finalmente. Porque isso é muito importante”, ressaltou.
O assunto começou a ganhar ares de crise nacional depois que duas chacinas no Ceará, em um intervalo de dois dias no mês de janeiro deste ano, colocaram a Capital cearense na pauta policial mundial.
No período de um ano, oito chacinas deixaram 46 mortos em terras cearenses. No Rio de Janeiro, o Palácio do Planalto considerou necessária a liberação das tropas do Exército Nacional para conter a onda de crimes que acometia o Estado.
Polêmica, a decisão do presidente Michel Temer (MDB) logo alimentou o debate eleitoral dos próximos meses. O pré-candidato do PSDB à presidência, Geraldo Alckmin, lançou vídeo com “os resultados” da segurança do Estado de São Paulo — estado que governa pela quarta vez.
Seu correligionário, deputado Fábio Sousa (PSDB-GO), contou ao O POVO que o partido pretende apresentar na campanha “o que deu certo em São Paulo”. “Tem uma boa experiência lá”, garante.
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, informou que o partido está consultando especialistas para preparar o programa de governo e entrar no debate. “Estamos fazendo reuniões com essa área. O que a gente acha é que a solução é inteligência, não é intervenção nem militarização”, retrucou.
O pedetista, que tenta emplacar Ciro Gomes como presidente, acredita que o debate da segurança pública deverá ter como consequência o investimento na educação e na criação de empregos como métodos de combate à criminalidade.
Membro da Executiva nacional do PT, o deputado José Guimarães defende que a União tome para a si a responsabilidade da segurança pública, assim como acontece com a educação e a saúde.
“Defendo a criação de um sistema integrado nacional com plano dirigido pelas forças de segurança nacional e estaduais, e a criação de um fundo constitucional com um percentual obrigatório da União para financiar a segurança pública. Ou se enfrenta a questão com prioridade ou é só demagogia”, pontuou.
Como consequência positiva dessa discussão nacional, conforme projeto o petista, pode ser instituído um fundo para financiar a segurança do País.
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