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domingo, 19 de novembro de 2017

POLÍTICA; FAMÍLIAS E ALIADOS. COMO AS OLIGARQUIA RESISTE AO TEMPOS

Por ipuemfoco   Postado  domingo, novembro 19, 2017   Sem Comentários


De pai para filho, a herança política no Brasil foi transmitida historicamente como forma de manter privilégios e assegurar grupos aliados no poder por um apanhado de anos. 

A concentração da influência política durante décadas por meia dúzia de lideranças, com o viés autoritário, ficou conhecida como “oligarquia”. 
O sociólogo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, relembra que a denominação quer dizer “governo de poucos”. A política egoísta, de benefício próprio, portanto, como meio de sobrevivência. Na época, lembra o historiador Airton de Farias, da Universidade Estadual do Ceará, adversários dos grupos influentes não caracterizavam a prática como oligarcas, já que havia eleição e não se vivia em regime ditatorial.


O juízo de valor da prática, ressalta o pesquisador, se deu no âmbito histórico, ao longo do tempo. Por isso mesmo, a dificuldade de apontar se, em pleno século XXI, a sociedade brasileira ainda enfrenta uma prática calcada nas velhas práticas dos séculos passados, o que se configuraria como oligarquia. 

O debate veio à tona depois que os ex-governadores Tasso Jereissati (PSDB) e Ciro Gomes (PDT), ex-aliados nas décadas de 1980 e 1990, se acusaram mutuamente de pertencer a oligarquias. Se velha ou nova, a prática oligarca, baseada nas críticas de duas lideranças políticas cearenses, faz sentido, segundo a historiadora Dulce Pandolfi, da Fundação Getúlio Vargas. 

Para a pesquisadora, “cabe a palavra oligarquia para quem, de certa maneira, tem o feudo político”. Cria de Tasso, o ex-ministro Ciro integra o poder no Ceará desde que foi abraçado pelo tucano e lançado a governador do Ceará. Antes, já havia sido eleito prefeito de Fortaleza, quando não conseguiu concluir o mandato para suceder o governador que derrotou os “coronéis”. 

Em 2006, elegeu o irmão, Cid Gomes, para o Palácio da Abolição. Foi reeleito e fez o sucessor, o petista Camilo Santana. A família iniciou na política ainda no século XIX, com a eleição de Vicente César Ferreira Gomes à Prefeitura de Sobral. 

A situação não é tão diferente com a carreira política do empresário Tasso, que atualmente ocupa vaga no Senado Federal. Governador do Ceará durante 12 anos, o tucano se aproxima de Nogueira Accioly, que governou o Estado por 16 anos. Jereissati ainda fez seu sucessor por duas oportunidades: Ciro em 1991 e Lúcio Alcântara em 2003. 

Embora rompidos, tanto Tasso quanto Ciro integraram o mesmo grupo de poder, principalmente quando se revezaram no Palácio da Abolição na década de 1990.Resistência 

Historiadores consultados pelo O POVO apontam que a resistência das velhas práticas de poder são os pilares para a manutenção das chamadas oligarquias. Farias sugere que a continuidade do mesmo grupo no Executivo e legislativo, levando-se em conta o Ceará, se justifica pela aproximação com o Governo Federal. Foi assim quando Tasso conseguiu se reeleger, beneficiado pelo apadrinhamento de Fernando Henrique Cardoso, beneficiado pelo Plano Real. 

Com Lula e Dilma no governo, os irmãos Ferreira Gomes conseguiram investimentos federais que contribuíram em grandes obras no Ceará. A coincidência, no entanto, não justifica por si só a perpetuação no poder de grupos políticos. 

Pandolfi acredita que a perpetuação se dá pela fragilidade da democracia. “A cidadania é precária, e muitas vezes o que perpetua é a falta de direitos, passam por cima das regras do jogo, controlam o judiciário, a justiça eleitoral e as pessoas não se sentem possuidoras de direito e dependem daquelas famílias”, disse. 

Prando ressalta que as práticas se modernizaram. José Sarney, que comandou o estado do Maranhão por 50 anos, depositou mais poder na filha Roseana Sarney, do que nos homens da família. O machismo dos anos 1930, por exemplo, impediria esse movimento. “O peso da tradição (nas práticas) ainda é muito forte, e tende a cristalizar em ações”.

Desde 1997, e de maneira ininterrupta, o grupo liderado pelos irmãos Ferreira Gomes domina a Prefeitura de Sobral, ou com nomes da família, como Cid e Ivo, ou através de aliados muito próximos, como foram os casos de Veveu Arruda (PT) e Leônidas Cristino (PDT). 

O comando do Executivo com aliadosse repete no Governo do Estado. Embora o governador Camilo Santana (PT) não seja da família Ferreira Gomes, foi eleito pelas bênçãos do clã em 2014, e deve receber o apoio à reeleição no ano que vem. Já são quase 11 anos (sem interrupção) de domínio da família no Palácio da Abolição. 

Esse número cresce se contarmos os quase quatro anos de governo de Ciro Gomes, entre 1991 e 1994. O ex-prefeito de São Luís, Jackson Lago (PDT), chegou a derrotar a hegemonia dos Sarney em eleição para o Palácio dos Leões em 2006, após 40 anos de domínio mesmo sem nomes da família no Executivo. 

No entanto, dois anos depois de assumir, em 2009, foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após acusação de irregularidades na campanha eleitoral. Na época, a família ainda tinha forte influência em Brasília, com José Sarney presidente do Congresso Nacional.

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