SECRETÁRIOS DA SEGURANÇA DO NORDESTE SE REÚNE PARA COMBATER FACÇÕES

Gestores pedirão ao Governo Federal transferência de líderes de facções para presídios federais, combate mais expressivo ao tráfico de drogas e armas e a criação de um fundo de segurança estadual. Eles estão reunidos desde ontem em Salvador. Nordeste apresentou crescimento significativo na taxa de homicídios este ano.

Secretários da Segurança do Nordeste estão discutindo a atuação das organizações criminosas na região. Reunidos em Salvador, os gestores destacaram que a ajuda do Governo Federal é imprescindível para tentar frear o crescimento de Crimes Letais Intencionais (CVLIs), que aumentaram 31,9% no Ceará durante o primeiro semestre deste ano. 

Entre os pleitos, a transferência de líderes de facções para presídios federais, o combate mais efetivo ao tráfico de drogas e armas nas fronteiras e a criação de um fundo especial à Segurança Pública.

“Precisamos fortalecer a troca de informações e inteligência entre os estados. Ter mecanismos padronizados de enfrentamento, com unidades especializadas em inteligência e operações especiais. Para fazer o combate aos representantes de lideranças nos estados, quebrando a cadeia de comando e suprimento”, resumiu o presidente do Conselho de Segurança Pública do Nordeste (Consene), Maurício Teles Barbosa, que também é secretário da Segurança Pública da Bahia. 

Conforme ele, são as organizações criminosas que atuam no Sudeste que subsidiam as ramificações nos estados nordestinos. “Como vamos combater as facções locais quando não se consegue ter uma estratégia nacional para interromper ou diminuir o fluxo de drogas?”, questionou.

Integrantes de facções
O Rio Grande do Norte é um dos três estados — junto a Ceará e Alagoas — que têm maior número de integrantes de facções e exibem um aumento significativo no número de homicídios em 2017.

Lá, conforme o delegado Cleiton Pinho, que representa a Secretaria da Segurança Pública na reunião, cerca de 900 pessoas são “cadastradas” em organizações criminosas. “Desse montante, precisaríamos de pelo menos 100 vagas (em presídios de segurança máxima) para colocar os principais atores, os cabeças”, disse. Todos já estariam identificados.

Para o secretário da Defesa Social de Pernambuco, Antônio de Pádua, o Brasil precisa padronizar a contabilidade de CVLIs. “Reforçar um plano nacional, banco de dados e investigações interestaduais, porque são bandidos que circulam em todo o território brasileiro”, comentou. 

Ele defende ainda a formatação de um “Sistema Único de Segurança” e de um fundo para financiar as ações do segmento. “Especialmente aqui no Nordeste, região muito afetada pelo desemprego e a crise econômica”, ponderou.

O POVO tentou entrar em contato com o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará, André Costa, para obter informações sobre facções criminosas e transferências de integrantes em presídios no Ceará. Por e-mail, ele afirmou que as informações são reservadas à inteligência, são estratégicas e não podem ser divulgadas. 

Entre as demandas ao Governo Federal, ele destaca o financiamento como parte de um plano nacional de Segurança Pública; criação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp); orçamento impositivo para a Segurança Pública; e uniformização de estatísticas.

Saiba mais

No dia 16 de agosto, o Conselho Nacional de Secretários da Segurança Pública (Consesp) se reuniu com o secretário nacional da Segurança Pública, general Carlos Alberto dos Santos.

Um lista de pedidos foi entregue:

Destinação de percentual da arrecadação bruta das loterias federais para os fundos de segurança dos estados;

Exclusão da previsão de corregedorias e ouvidorias externas das polícias;

Definição do papel dos municípios na prevenção na área de segurança;

Apoio a projetos de lei que instituam o bloqueio dos sinais de comunicação móvel, internet e telefonia nos estabelecimentos penais;
Instituição da Força Nacional de SegurançaSARA OLIVEIRA/OPOVO