ELEIÇÕES PARA O COMANDO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E SENADO,ENTRE O HEROÍSMO E A COVARDIA

As eleições para o comando da Câmara dos Deputados e do Senado revelam características próprias da grande maioria dos partidos brasileiros: a gula por cargos e o pragmatismo.

A necessidade de ocupar espaços de poder é tanta que acaba jogando para segundo plano históricas rivalidades políticas, acentuadas após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). 

É claro que os processos de sucessão dentro do Legislativo são diferenciados. Por quase todo o País, os postos das mesas diretoras são ocupados a partir do peso de cada bancada. Acordos ignoram cores partidárias. 

O corporativismo impera. Entretanto, no atual contexto, fica complicado reproduzir este modelo. Há um projeto de País em disputa que exige de cada um dos lados a capacidade de resistir, mesmo que isso represente um eventual isolamento. Se há perda de participação nas estruturas burocráticas, 

há ganho considerável de respeito e credibilidade. PT e PCdoB tinham que por obrigação seguir os exemplos de PDT, Psol e Rede, que se negam a fazer conchavos com a base de Michel Temer (PMDB). 

Há duras batalhas pela frente que exigem o máximo possível de independência da ala mais à esquerda do Congresso, como as reformas trabalhista e previdenciária. 

De que forma se contrapôr a Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (PMDB-CE), que já defenderam profundas mudanças nestas duas áreas, dando aval para eles ditarem os rumos do Parlamento? São questões indissociáveis. 

Não há espaços para concessões. Ou se monta a trincheira para o bom combate de ideias ou se paga um alto preço pela fraqueza de quem não soube aproveitar o momento que a história proporciona. 

Afinal, que papéis querem desempenhar nossos parlamentares? Os de heróis ou os de covardes?Por Ítalo Coriolano/Editor-executivo do Núcleo de Conjuntura