COMANDO DA CÂMARA;RIVAIS HISTÓRICOS SE UNEM CONTRA ''CENTAÃO''

Na tentativa de evitar que um candidato ligado ao deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB) se eleja presidente da Câmara Federal, na eleição da próxima semana, partidos
rivais historicamente se articulam para somar forças e eleger um nome que “restaure a dignidade na Casa”.

É o caso do PT e do PSDB, que devem entrar em consenso até a próxima terça-feira, 12, em torno de um candidato para fazer frente ao chamado “centrão”, união de partidos do centro, como PR, PSD, PP, além do apoio de grande parte do PMDB e de legendas menores.

O principal objetivo, segundo parlamentares, é evitar que o ex-presidente Cunha continue exercendo influência no Parlamento.

“Estamos trabalhando para buscar um nome que envolve não só a esquerda, mas um conjunto de outras forças que restaure a dignidade na Casa”, disse o deputado José Guimarães. Esse conjunto de forças, segundo o cearense, estaria contemplado no PT, PC do B, PDT, PSDB, PPS e DEM.

Entre os nomes mais cotados que devem unir essas siglas para disputar a eleição com o deputado do “centrão”, Rogério Rosso (PSD-DF), estão os deputados Júlio Delgado (PSB-MG), Marcelo Castro (PMDB-PI), Rodrigo Maia (DEM-RJ) e José Carlos Aleluia (DEM-BA).

Castro, ex-ministro da Saúde de Dilma Rousseff, no entanto, é o parlamentar que mostra mais força no momento. A estratégia é rachar o PMDB e enfraquecer Rosso, próximo a Eduardo Cunha.

Embate de datas
Waldir Maranhão, presidente interino da Câmara dos Deputados, marcou para a próxima quinta-feira, 14, a eleição para a escolha do novo presidente. A decisão, porém, diverge com a deliberação do colégio de líderes, que agendou o pleito para terça-feira, 12.

A indefinição tem gerado confusão entre os deputados. Maranhão comunicou que a eleição seria na próxima quinta-feira e, logo em seguida, uma reunião de líderes partidários antecipou o pleito para a terça-feira.

Ao justificar a eleição para o dia 14, Waldir Maranhão disse que, pelo Regimento Interno da Câmara, a prerrogativa de marcar e desmarcar sessões é do presidente da Casa.

“Faremos as eleições na quinta-feira; o Regimento e a Constituição estabelecem que a presidência tem essa prerrogativa”, disse, ao sair da Câmara ontem. 

Parlamentares críticos ao interino alegam que o deputado quer postergar a eleição para a presidência apenas para depois do recesso.

Líderes partidários, no entanto, farão nova reunião na segunda-feira, 11, para resolver a questão e pedir esclarecimentos à Mesa Diretora. Os líderes vão tentar chegar a um acordo com o presidente interino para fechar a data. (com agências)