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quarta-feira, 15 de junho de 2016

''NÃO MANDAM NESTA NÊGA AQUI'',DIZ TIA ERON ANTES DE VOTO

Por ipuemfoco   Postado  quarta-feira, junho 15, 2016   Sem Comentários


A deputada federal Tia Eron (PRB-BA) transformou-se de vez em personagem de novela. Ontem, num dos capítulos finais de uma trama mirabolante envolvendo contas no exterior, gastos de luxo e desvio de milhões da Petrobras, a parlamentar deu indícios de que rejeitaria o parecer que pedia a cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Voto decisivo no processo do peemedebista por quebra de decoro parlamentar e sofrendo pressão de todos os lados desde a terça-feira da semana passada, quando faltou à sessão marcada para votar o relatório, a deputada baiana compensou os dias de recolhimento e silêncio com uma saraivada de frases de efeito e adjetivos pouco lisonjeiros aos colegas.

Para abrir os trabalhos, disse que os deputados “não mandam nesta nêga aqui”. Em seguida, mandou que o petista Zé Geraldo “higienizasse a boca” antes de falar. Em tom professoral, recomendou a leitura de Umberto Eco e Darcy Ribeiro, sem explicar por quê. Também garantiu que não tinha sido “abduzida”, mas “observando as falas de determinados colegas”.

E, em tom de galhofa, provocou a maioria masculina do Conselho de Ética da Câmara: “Eu não compreendo como, depois de sete meses, vossas excelências homens não entendem o que é dar à luz. É quase um filho, por isso chamam Tia Eron para resolver os problemas que os homens não conseguiram resolver".

Não era retórica. Aos 44 anos, Eronildes Vasconcelos Carvalho estava ali para resolver. Oito meses após ter início a análise do processo, a deputada desequilibrou o jogo. Substituindo Fausto Pinato (PP-SP) no colegiado, que deixou o partido presidido por Marcos Pereira, ministro da Indústria e Desenvolvimento do governo interino de Michel Temer, Tia Eron finalmente admitia: "Eu não posso aqui absolver o representado nesta tarde". Foi aplaudida.

A deputada defendia, assim, a aprovação do documento elaborado pelo relator Marcos Rogério (DEM-RO). Sentado atrás de Tia Eron, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), candidato derrotado à presidência da Câmara, comemorou o voto contra Cunha como um gol do Fluminense.

Membro da Igreja Universal, Eron virou “tia” depois de dar aulas para crianças. Três vezes vereadora e deputada federal mais votada na Bahia nas eleições de 2014, aproximou-se de Cunha depois de votar no peemedebista para o comando da Câmara em janeiro de 2015. Em 17 de abril passado, foi à tribuna da Casa para declarar-se favorável ao impeachment de Dilma.

Ontem, após votar pela cassação do aliado e até pouco tempo atrás um dos homens mais poderosos da República, Eronildes acrescentou tons ainda mais surpreendentes ao folhetim da crise política. Por tabela, reafirmou uma das poucas verdades que sobreviveram à Lava Jato: o Brasil não é para amadores.
OPOVO

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