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terça-feira, 12 de abril de 2016

CIRO GOMES;''GOVERNO DILMA SE CONSTITUIU EM CIMA DE UMA FARSA DE MARKETING''

Por ipuemfoco   Postado  terça-feira, abril 12, 2016   Sem Comentários


Ex-ministro de Lula e possível candidato nas eleições de 2018 pelo PDT, Ciro Gomes se diz cada dia mais crítico ao governo Dilma. Apesar de contrário ao impeachment, afirma

que a atual gestão se constituiu em cima de uma "farsa de marketing", com propostas de campanha nunca postas em prática.

Para Ciro, a política econômica é desastrosa, herança da "frouxidão moral" dos anos Lula. Ele diz não entender por que a presidente não propõe, por decreto, uma mudança nos rumos da economia – sugestão dada por ele em reunião com Dilma. "Quando sai da catatonia, não ela, mas o governo, sai para fazer bobagem."

Prova de seu desgosto é seu apoio "entusiasmado" à sugestão de Carlos Lupi, presidente do PDT, de deixar a base aliada após a derrota do impeachment. No entanto, o partido não deve ir para a oposição.

Prova de seu desgosto é seu apoio "entusiasmado" à sugestão de Carlos Lupi, presidente do PDT, de deixar a base aliada após a derrota do impeachment. No entanto, o partido não deve ir para a oposição.

"Nós não queremos participar de mais nada, está muito claro para nós. O ideal para nós é: ganhar a batalha pela democracia, preservar o mandato e comunicar à presidente que queremos sair. É uma ideia do Lupi com meu entusiástico apoio. E agora vamos validá-lo com os companheiros."

O ex-ministro também falou dos casos de hostilidade que sofreu recentemente e chamou os manifestantes antigoverno de "fascistinhas". No começo de abril, o Movimento Endireita Brasil, crítico ao governo Dilma Rousseff e ao PT, publicou em sua página do Facebook uma oferta de R$ 1 mil a quem hostilizasse Ciro no restaurante em que jantava em São Paulo.

"Eles se autodenominam manifestantes e acham que podem ir na porta de um ministro do STF 1h30 da manhã gritar impropérios. Não pode não, isto é crime. Eu, como presidente da República, teria pedido para a Polícia Federal abrir um inquérito e estava todo mundo presinho da silva."

Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

BBC Brasil - Você costuma fazer críticas duras à política econômica de Dilma, mas se coloca contra o impeachment. Como se posiciona hoje?
Ciro Gomes - Minha percepção crítica do governo se agrava diariamente. Agora, no presidencialismo, você não pode desconstituir um governo apenas porque ele é um mau governo. O impeachment é a única forma de desconstituir um governo e só pode se dar, como está escrito na Constituição, pelo cometimento de responsabilidade consciente da presidente. O pedido formal que está dando azo ao impeachment não se baseia numa denúncia de crime de responsabilidade. É um golpe parlamentar. Só três presidentes da República neste País concluíram seu mandato normalmente. Todos os outros tiveram seu mandato interrompido por suicídio, renúncia, golpe. É nessa linha da história que me coloco. Hoje você faz uma ruptura que coesiona pela negação do governo três grandes grupos sociais.

Quais são eles?

O primeiro é o do eleitor do Aécio, que nunca aceitou o resultado da eleição. Desde o primeiro dia, esse grupo tem sido excitado a negar (o governo), com o agravante, correto, de que o governo Dilma se constitui em cima de uma grande farsa de marketing. A prática do governo é completamente mentirosa em relação ao marketing da coisa.

Um segundo movimento vai dentro dos eleitores dela. É o eleitor decepcionado com a crise. Nós temos uma depressão no Brasil, a pior (que já vi). Isso é uma coisa violenta na cabeça do nosso povo. Eu, concretamente, estou muito nessa razão aqui.

Por fim, tem o (grupo) da denúncia moral, que agravada pela crise econômica, acaba passionalizando o ambiente. Esse conjunto de valores se reúne apenas para negar (o governo).

O que acontece com esses grupos se houver impeachment?

No dia que esse impeachment for – espero que não aconteça – consumado, esse conjunto se dissolve. Porque quem assume é uma coalização de bandidos. Por desgraçada coincidência, a única pessoa que não está citada em nenhum desses gravíssimos escândalos é a Dilma. O vice-presidente está citado. O escândalo será inerente a essa turma que está entrando. E o eleitor da oposição vai se frustrar rapidamente. Então, você vai ter a mesma grave situação no Brasil só que com importantes bandas do País não reconhecendo a institucionalidade do governo e provavelmente descabando para a violência.


Você já chamou Michel Temer de capitão do golpe. Como vê ele hoje no processo de impeachment?

Ele é o capitão do golpe. É amigo íntimo do Eduardo Cunha. (Um governo Temer) será a consumação do desastre. A elite que está embalando a Fiesp acredita em (algo) que ele não tem a menor chance de entregar. Todo esse papo furado, redução de impostos, de custos trabalhistas, é tudo mentira. Zero chance de sequer propor. Ela vai ser contestado por MST, CUT, UNE. Tudo o que é sociedade civil organizada que teve participação na vida brasileira vai à luta. Eu mesmo vou lutar contra o governo ilegítimo. Quando saiu o PMDB (do governo), as pessoas perceberam que o poder vai para Temer e Cunha. Começa a circular a informação. E não há consenso. Ajudei a fazer o impeachment de Collor e havia consenso.

Na sua opinião, o impeachment será aprovado na Câmara?
Na Câmara não passa.

Quando você fala em “farsa de marketing”, se refere às promessas das eleições?

Foi tudo o oposto (do prometido). É um desastre completo. Mas volto a dizer: o presidencialismo permite que a presidenta mude de caminho. Ela pode mudar a gestão da economia.

Hoje, sem apoio no Congresso, ela consegue fazer isso?
Só pode. O presidencialismo tem esse lado positivo. Está na mão dela a plenitude dos poderes da Presidência. O que lhe impede de administrar uma política econômica diferente?

Por meio de decretos?
Boa parte. Deixei por escrito com ela um conjunto de sugestões que não dependem da interação com o Congresso. São da esfera do poder executivo.

Como vê a paralisia da Dilma neste momento?

Não consigo entender. Quando sai da catatonia, não ela, mas o governo, sai para fazer bobagem. Cooptar deputado na base do suborno. Isso vai nos igualando no plano moral com essa escória. Já é um erro ancestral do governo. Não aceitei ser ministro do segundo governo do Lula, não aceitei ser ministro dela. E não é porque sou moralista. É porque não ia dar certo. Lembro que, brincando com ela no primeiro mandato, já amargo, dizia: "Oh, presidente, isso não pode dar certo. Mas, se der, quero trocar o meu anjo da guarda com o seu". Era óbvio que não ia dar certo porque a responsabilidade ancestral é do seu Lula brincando de Deus e colocando essa quadrilha na linha de sucessão do País.

Como a relação do PDT com o governo hoje, após saída do PMDB e mercadão de apoio e as negociações em busca de apoios?

Nós não queremos participar de mais nada, está muito claro para nós. Estamos no governo. Já lá trás, antes dessa crise, o (Carlos) Lupi foi comunicar a presidente de que nós provavelmente já teríamos candidato próprio em 2018. E que, portanto, sentíamos a necessidade de sair do governo. Ela fez um apelo grande para gente ficar. Ainda ontem (quarta-feira), conversei com o Lupi e considero que temos que lutar pela questão da democracia.

Eu estou pelo valor superior da democracia, porque conheço a Dilma. Ela é uma senhora honrada, mas tem uma contradição original de ter herdado um governo mestiço feito pela frouxidão moral do Lula. Agora, nós do PDT, não participaremos dessa discussão, vamos votar disciplinadamente contra o impeachment, como posição do partido para preservar a democracia. Carregamos a memória do trabalhismo brasileiro, da tragédia do Getúlio Vargas, do João Goulart. Isto posto, estou defendendo que a gente saia do governo. O ideal para nós é: ganhar a batalha pela democracia, preservar o mandato e comunicar à presidente que queremos sair. É uma ideia do Lupi com meu entusiástico apoio. E agora vamos validá-lo com os companheiros.

O que achou do convite de Dilma a Lula no ministério da Casa Civil?

É o maior erro político da minha já longa vida pública. O Lula tem direito a presunção de inocência e eu o considero inocente até que alguém prove o contrário. Mas ele tem explicações a dar. Que história é essa do tríplex? Eu, como professor de Direito, não vejo crime, vejo imoralidade. Mas tem que explicar. E aí quem está tomando a frente dessa investigação é um juiz visto como "severo". Ainda que não seja, todo mundo vai dizer que (a nomeação) é para fugir de um juiz "severo" e se omezinhar na república, com a presunção de que isso garantiria a ele a impunidade. De passagem, acabou-se a autoridade da presidente da República. Chamar o ex para fazer o quê? O que ele vai fazer lá que ela não seria capaz de fazer? É uma confissão. E a sociedade não aceita a desconstituição da liderança que lhe deu.

Qual a sua relação com Lula? Em março, você apareceu em um vídeo dizendo que ele era um merda.
Na verdade, falei porque a menina disse que ele era um merda. Aí eu disse: é um merda, mas tem direito a se defender. Tiraram um pedacinho.. Tenho hoje muita decepção com o Lula.

Vocês têm contato?

Não. Me afastei há algum tempo. Já falei muitas vezes, o Lula virou Deus e se autorizou a fazer o que quisesse. Como se fosse realmente o Deus, ao qual todos os súditos só teriam que agradecer pelo privilégio de ele pisar na cabeça das pessoas. E começou a fazer bobagem.. Se um presidente da República quisesse ser corrupto, não é um tríplex cafona numa praia cafona, que seria objeto da corrupção. Uma informação privilegiada que Fernando Henrique deu aos bancos em 1999 custou US$ 16 bilhões ao País.

Esses equívocos do Lula vêm desde o primeiro mandato?

No primeiro mandato ele resistiu. Zé Dirceu enchia o saco para fazer o acordo com o PDMB orgânico e eu nunca aceitei. Lula bancava, porque não queria. No segundo mandato já resolveu (aceitar) e eu não aceitei mais. Não tenho mais afinidade...acho que ele é grande responsável sobre essa tragédia que está se abatendo sobre o País.

Você foi alvo de um post do Facebook do Movimento Endireita Brasil, que ofereceu R$ 1 mil para que te hostilizassem em um restaurante de São Paulo. Como vê a polarização política no País?

A polarização política é uma coisa boa para o País. Não é isso que está acontecendo. O que está acontecendo é que o fascismo saiu do armário. Ele estava na moita por conta da memória da ditadura. É irrelevante, mas saiu do armário. A parte que faz esse tipo de coisa é minúscula. Evidente que o conservadorismo é mais amplo, mas violência física é uma minoria. Eles se autodenominam manifestantes e acham que podem ir na porta de um ministro do STF 1h30 da manhã gritar impropérios. Não pode, isto é crime. Eu, presidente da República, tinha pedido para a Polícia Federal abrir um inquérito e estava todo mundo presinho da silva. Esses grupeiros expõem meu número pessoal. Mas é tudo frouxo. São todos fascistinhas, com problemas sérios de carinho em casa.

Você ainda está pensando em ser candidato em 2018?

Quando começou essa crise, estava num momento pessoal em que pensava se não era a hora de me dar uma vida privada. Pela primeira vez, aceito um emprego na iniciativa privada. Pela primeira vez, alguém paga um salário que acho que mereço e nunca recebi. E aí, enfim, estou bem, tranquilo, feliz. Tenho 58 anos. 


Fiquei pensando nisso e tomei a decisão, de vir para São Paulo, aceitar um emprego aqui. Às vezes vou para o trabalho a pé, não tenho carro. Ninguém tem nada a ver com a minha vida. E aí vem a confusão e o Lupi me procura. Acho que não posso me omitir. A questão básica é a seguinte: é uma honra muito grande servir ao País e se eu for (candidato), vou para fazer história.BBCBRASIL

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