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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

HOMEM DO CAMPO MANTÉM A FÉ NUM "BOM INVERNO"

Por ipuemfoco   Postado  segunda-feira, janeiro 11, 2016   Sem Comentários

Meses antes do “inverno”, ávido por proteger a família do aguaceiro que virá do céu, o pássaro joão-de-barro constrói a entrada de sua morada com vistas para o poente.
 
Do canto, atento às mudanças na pequena caverna de argila que abriga os passarinhos, o sertanejo cearense renova a fé em dias melhores para vingar a plantação — maltratada pelos últimos quatro anos de seca. É assim que, desde os tempos do pai, observa o agricultor Augusto Lúcio de Freitas, de 48 anos.

O homem, que mora às margens do açude Cedro, em Quixadá, aprendeu a analisar o comportamento dos bichos para “adivinhar” se o inverno vigente será bom ou ruim para o plantio. Mas Augusto não é profeta, como os que se reuniram na manhã do último sábado, 9, e previram chuvas regulares este ano. 

Ele se declara defensor das terras do Cedro. Se hoje há 0,52% de água no reservatório, acredita, é porque solicitou à Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) que não retirasse mais nada dali, visto que, sombreado pela Pedra da Galinha Choca, o lugar ainda representa o principal cartão postal do município.

Otimista por dias de chuva, Augusto diz que luta, hoje, para que se instale um mecanismo de bombeamento de água para levar uma futura sangria da barragem de Quixeramobim (a 42,7 quilômetros dali) ao Cedro. 

O pedido é feito pelo agricultor porque, atualmente, se constrói uma adutora de montagem rápida para levar água do açude Pedras Brancas, em Quixadá, ao Fogareiro, em Quixeramobim. “Estamos ‘brigando’ por água”, proclamou, citando passagens proféticas da bíblia.

Sem plantar

Vizinho de Augusto, o pescador e também agricultor Manoel Silva Freitas, 44, é menos confiante nas profecias sobre a chuva, mas não deixa de depositar em Deus a esperança por um “bom inverno”. 

Ele conta que, dos últimos meses para cá, deixou de plantar porque, de tão seco, as águas do Cedro “estão mais salgadas do que as do mar”. “O legume não vai suportar o sal da terra e vai acabar morrendo”, justificou, apontando para um cultivo de forrageiras plantadas somente para a subsistência do rebanho. 

Francisco Almir Frutuoso, de 46 anos, administra e mora numa fazenda no distrito de Madalena, em Quixeramobim. Todos os anos, ele vai a Quixadá ouvir o que os profetas têm a dizer sobre a quadra chuvosa. 

“Nós, enquanto criadores, temos a expectativa de sermos contemplados com chuvas, mas eu, sinceramente, não acredito num inverno regular. Espero, pelo menos, que seja possível repor as nossas reservas hídricas”, confessou.

Tanto nas terras do Cedro como na fazenda de Almir, há poços cavados para ajudar a manter famílias, plantio e rebanho. “Temos um cacimbão construído há mais de 30 anos. Os açudes secaram e ele ainda consegue suprir a nossa necessidade. Mas, estamos na reta final”, contou o fazendeiro.

Os reservatórios do Ceará operam, hoje, com somente 12% de sua capacidade total.

O açude Castanhão, principal abastecedor de Fortaleza e da Região Metropolitana, se mantém com o volume de 10,78%, enquanto que o açude Pedras Brancas, em Quixadá, está a 13,18%, e o Fogareiro, em Quixeramobim, secou.

Os profetas da chuva se reúnem anualmente, há 20 anos, para debater indícios que percebem na natureza que podem ou não antecipar um bom inverno no Estado. O grupo é composto por homens e mulheres cuja experiência no campo fundamenta o prognóstico.

Ainda em 2015, a a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) previu que o fenômeno El Niño poderia interferir negativamente na precipitação de chuvas regulares este ano.o povo

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