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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

CONGRESSO NACIONAL; PARA ALÉM DAS CIRCUNSTÂNCIAS

Por ipuemfoco   Postado  quinta-feira, dezembro 24, 2015   Sem Comentários

Uma das chagas da história brasileira é a permanente tentativa de adequar as instituições às circunstâncias para atender a interesses de ocasião.
Os discursos que clamam por impeachment parecem menos preocupados com a corrupção que com a derrubada do PT do poder.

A questão não é apenas ética, mas também ideológica. Combate-se aquilo que o PT representa. E, goste-se ou não, o projeto petista tem sido referendado pelas urnas em quatro eleições seguidas. Um recorde. Não é correto nem democrático derrotar esse pensamento sem passar pelas urnas, embora seja legítimo destituir governantes que eventual e comprovadamente tenham tido envolvimento com corrupção.

O casuísmo também está nas fileiras governistas – e como está! O esvaziamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é comemorado por aliados e simpatizantes de Dilma Rousseff (PT). Porém, quem perdeu força não foi o peemedebista. 

Foi a instituição Câmara dos Deputados. E quem ganhou força foi o Senado. Ocasionalmente, fortaleceu-se o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Tão peemedebista quanto Cunha. Tão alvo da Lava Jato quanto. Tão questionável quanto.

É verdade que Renan é muito mais esperto que seu colega da Câmara. Nunca manobrou de forma tão explícita e desavergonhada. O fez e faz, mas com discrição que convém a quem pretende perdurar no poder. Há poucos meses, Renan era adversário de Dilma. Fez acordo e virou o mais importante aliado. Sabe-se lá a que preço.

Há oito anos, renunciou à presidência do Senado para não perder o mandato de senador. Era alvo de denúncias em série, que surgiam cotidianamente na imprensa. Longe dos holofotes, cultivou o estilo sedutor de costurar alianças e favorecer aliados. 

Com isso pavimentou o caminho de volta. Entre o grupo de articuladores, estão dois cearenses na linha de frente: Sergio Machado e Aníbal Gomes, ambos alvos de operação da Polícia Federal há poucos dias.

No atual momento convém lembrar, Renan Calheiros foi líder do governo do conterrâneo Fernando Collor de Mello na Câmara dos Deputados. Colocou o rosto em público para anunciar o confisco da poupança. Mas, quando as denúncias se tornaram intensas demais, rompeu e ajudou a engrossar as acusações contra PC Farias e o próprio presidente. O depoimento do antigo líder foi um dos golpes fatais para o impeachment de Collor. Ele sempre soube como poucos transitar conforme as circunstâncias.

Hoje, é nas mãos dele mais que de ninguém que repousa o destino de Dilma. Calheiros não é nem nunca foi confiável, mas é útil à presidente no momento.
A questão é que a definição de rito tão importante quanto a destituição de um presidente, eleito pela vontade popular, não pode ser feita com base nas circunstâncias. 

Em quem vai ganhar ou perder com cada definição. O processo não pode ser definido casuisticamente. Os fins não podem justificar os meios, seja de qual lado for.Érico Firmo/OPOVO

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