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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

VIOLÊNCIA URBANA; 15 DIAS APÓS CHACINA, A LEI DO SILÊNCIO

Por ipuemfoco   Postado  sexta-feira, novembro 27, 2015   Sem Comentários

O comércio, que antes fechava às 22 horas, agora baixa as portas às 20 horas. O costume de sentar-se na calçada para papear até mais tarde foi deixado de lado. As ruas já não são tão movimentadas. Quem mora no Curió percebeu: o bairro agora “dorme” mais cedo.

Entretanto, ao invés de paz, a aparente calmaria reflete o medo de quem testemunhou a maior chacina da história de Fortaleza, ocorrida há 15 dias, deixando 11 pessoas mortas e outras sete baleadas.

Ontem, O POVO voltou às ruas do bairro, na Grande Messejana, para saber da rotina dos moradores após a matança cujos autores ainda não foram identificados. “Não tem mais tanto movimento nas ruas como tinha antes. Os moradores ficaram realmente abalados. Todo mundo entra cedo. São poucos os que ficam nas ruas”, disse um morador, sem se identificar, por medo de represálias.

“A clientela sumiu. Eu vendia batata no bairro, quando chegava do serviço, mas desisti. Ninguém fica mais na rua de noite. Só escutamos o barulho da sirene das viaturas e, às vezes, o som do helicóptero sobrevoando e iluminando as casas. Aos poucos, as coisas voltam ao normal. Mas o receio ainda é grande”, dialogou outro morador, que mora há mais de 20 anos no Curió.

Poucas foram as pessoas que afirmaram manter o hábito de ficar na calçada com os vizinhos até mais tarde. “Tudo está muito triste. Antes era bem movimentado, alegre... As pessoas têm que voltar ao normal. Perder esse medo”, convidou outra mulher. Segundo os moradores, a presença de policiais no bairro se tornou constante após a chacina.

Investigação

Durante a visita do O POVO ontem, foram vistos policiais militares do Ronda do Quarteirão e também uma viatura da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), que apura os homicídios, mediante os indícios da participação de agentes de segurança na ação criminosa. O POVO apurou que, desde que a investigação foi oficialmente transferida à CGD, no último dia 18, cerca de 15 testemunhas já foram ouvidas pelos delegados que atuam no caso.

O trabalho ainda está em “fase inicial” e estaria esbarrando na quantidade de diligências a serem realizadas, já que, apesar de um inquérito único concentrar a apuração, cada morte e lesão é considerada um evento distinto, demandando a coleta de depoimentos e provas. Promotores de Justiça estão auxiliando as atividades.

10/11/2015.Polícia prende Carlos Alexandre Aberto da Silva, 39, o Castor, apontado como líder do tráfico de drogas no Jardim das Oliveiras. A possibilidade de que o grupo ligado a ele tenha ordenado a morte de seus delatores, culminando na chacina, é investigada.

11/11/2015.Lindemberg Vieira Dias, 31, é executado com 32 tiros em Maracanaú. Polícia investiga se a morte dele pode ter desencadeado os homicídios. O soldado Charles Serpa, do 16º Batalhão da Polícia da Militar, é morto durante tentativa de assalto, na Lagoa Redonda. Ele jogava futebol quando percebeu que a esposa estava sendo assaltada. Desarmado, entrou em luta corporal com o assaltante e foi morto com um tiro na nuca. A CGD investiga se policiais teriam realizado a chacina em retaliação pela morte. 

12/11/2015.No Curió, à 0h20min, são executados Antônio Alisson Inácio Cardoso, 17, que respondia a um crime de trânsito por dirigir sem carteira de habilitação, Jardel Lima dos Santos, 17, e Álef Souza Cavalcante, 17. 

No Alagadiço Novo, por volta de 1h54min, foram mortos Marcelo da Silva Mendes, 17, e Patrício João Pinho Leite, 16. No Conjunto São Miguel, às 3h33min, foram assassinados Jandson Alexandre de Sousa, 19, Francisco Elenildo Pereira Chagas, 41, e Valmir Ferreira da Conceição, 37, que tinha antecedente por ameaça. 

Na Messejana, às 3h57min, foram executados Pedro Alcântara Barroso do Nascimento, 18, que respondia a uma pensão alimentícia, Marcelo da Silva Pereira, 17, e Renayson Girão da Silva, 17. Neste intervalo, outras sete pessoas foram baleadas. Moradores fogem de comunidades e escolas cancelam aulas. SSPDS monta força-tarefa para investigar os homicídios.

13/11/2015.Secretário da Segurança, Delci Teixeira, informa que nenhuma das vítimas tinha antecedentes por crimes violentos ou de tráfico. O governador Camilo Santana afirma que as execuções são “inaceitáveis”. 

16/11/2015.Ministério Público do Estado (MPCE) forma uma comissão de três promotores para acompanhar as investigações. Moradores do Curió fazem marcha pela paz.

17/11/2015.Página “Tamo Junto Curió” é lançada no Facebook para dar apoio aos familiares das vítimas e moradores do bairro. Investigação dos homicídios é concentrada em um único inquérito, na DHPP.

18/11/2015.Apuração do caso é remetida à CGD, em função dos “indícios” de atuação de agentes de segurança na ação.

20/11/2015.A SSPDS informa ao O POVO que não divulgaria as imagens das câmeras do programa federal “Crack, é possível vencer”, instaladas no Conjunto São Miguel, para não atrapalhar as investigações.

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