POLÍCIA FEDERAL; MINISTRO DA JUSTIÇA RESISTIRÁ APÓS AÇÃO CONTRA EMPRESA DE FILHO DE LULA?

A relação entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff enfrentará, a partir de agora, seu momento mais delicado. O motivo: na nova fase da Operação Zelotes, um dos alvos foi a empresa LFT Marketing Esportivo, de Luis Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente.

Como a Polícia Federal é subordinada ao Ministério da Justiça, comandado por José Eduardo Cardozo, a pressão pela substituição do ministro, que já havia sido intensa durante a reforma ministerial, atingirá, agora, seu grau máximo. 

Cardozo já vinha sendo criticado por supostamente não controlar as ações da Polícia Federal na Operação Lava Jato, que se desenrola no Paraná. Desta vez, as críticas serão ainda mais intensas porque a Zelotes, afinal, não tem qualquer relação com a Lava Jato – que, por sinal, investiga o pecuarista José Carlos Bumlai, tido como amigo do ex-presidente Lula.

Setores do PT chegaram a apresentar dois nomes para uma eventual substituição de Cardozo: o dos deputados Paulo Teixeira (PT-SP) e Wadih Damous (PT-RJ), este último ex-presidente da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro. Durante a reforma ministerial, Lula chegou a defender o nome do próximo vice-presidente Michel Temer, como eventual ministro da Justiça. Outra hipótese cogitada foi a volta de Nelson Jobim, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal.

A presidente Dilma Rousseff, no entanto, resistiu. Aceitou a substituição de Aloizio Mercadante por Jaques Wagner, na Casa Civil, como vinha sendo defendido por Lula, mas fechou questão em torno da permanência de Cardozo – um dos poucos ministros que fazem parte do seu "núcleo duro".

Cardozo tem, a seu favor, um argumento criado pelo ex-ministro Marcio Thomaz Bastos, quando chefiou a Justiça na era Lula: o de que a Polícia Federal age de forma republicana, sem perseguir inimigos políticos ou proteger amigos. No entanto, no PT, muitos enxergam sua permanência no cargo como a maior ameaça ao projeto político do partido, que consiste na volta de Lula em 2018. 

Cardozo tem a confiança de Dilma, mas o tiroteio será intenso nos próximos dias.247