O CONFRONTO DE "CANALHAS" CONTRA "DEMONÍACOS"

Foi um fim de semana bastante quente envolvendo os principais capitais políticos da política cearense. Com graves respingos no âmbito nacional, sobre grandes autoridades da República. Durante sua filiação ao PDT, em Fortaleza, o ex-governador Cid Gomes – principal referência do bloco que governa o Estado há nove anos – foi um passo adiante na ofensiva que ele e Ciro Gomes têm empreendido contra o PMDB nacional. 

Sobre seu alvo predileto, o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou ser “o que existe de mais podre, cínico e demoníaco” na política brasileira. Sete meses antes, Cid deixou o Ministério da Educação após chamar o mesmo Cunha de “achacador”, durante audiência em plena Câmara dos Deputados. 

A respeito da legenda de Cunha, disse que “o PMDB é um partido podre e fisiologista”. Mas foi ainda além e incluiu nos ataques o vice-presidente da República, Michel Temer, a quem chamou de “chefe da quadrilha que achaca o País”. Leia mais sobre o assunto na matéria que O POVO trouxe no domingo, acessando o link:http://bit.ly/cidpmdb

No mesmo dia, o presidente do PMDB no Ceará, Eunício Oliveira, foi para o ataque contra Ciro Gomes, irmão de Cid. Até o ano passado, Eunício era o principal aliado do Governo do Estado. Desde a eleição passada, tornou-se a referência da oposição. 

“Aquele mentiroso do Ciro Gomes, que gosta de mentir, bate carteira e sai gritando pega ladrão. Esse mentiroso, esse canalha da política”, disse Eunício, fazendo longa lista do que seriam mentiras ditas por Ciro. “Ia para a televisão amarrado, porque eu sabia que eles tavam mentindo”, prosseguiu o peemedebista, chamando ainda o irmão de Cid de “pescoção mentiroso”. Leia mais na matéria que O POVO trouxe ontem, acessando o link: http://bit.ly/euniciociro

Os líderes cearenses perderam completamente a noção dos limites do embate político. Não há mais compostura. Achincalham de forma rasteira as mesmas pessoas das quais eram aliadas há pouco mais de um ano. Mantiveram quase uma década de parceria para manter o poder. À base, agora se vê, de muito cinismo.

Eunício foi extremamente útil a Cid para conquistar o poder e para governar. Quando o ex-governador rompeu com o PT de Luizianne Lins, foi nesse PMDB “demoníaco, podre, cínico, achacador e fisiologista” que encontrou suporte. E foi a aliança do irmão desse “mentiroso e canalha” que garantiu a Eunício o mandato de senador. De quem, aliás, buscou apoio até o limite das possibilidades para se eleger governador. Quando os interesses se tornaram inconciliáveis e o rompimento se consumou, o ex-valoroso parceiro se tornou a pior das criaturas.

Se têm juízo tão negativo sobre aqueles a quem apoiaram, tanto Cid quanto Eunício precisariam, antes, fazer contundente autocrítica sobre o porquê de terem pedido aos cearenses que dessem seu voto a quem agora esculhambam sem cerimônia.o povo