Acrescente violência no Ceará levou os cidadãos a uma espécie de “corrida” pela segurança particular. Resultado disso, o Estado tem hoje 33.479 vigilantes profissionais em atividade.
O número é 93% superior ao efetivo total da Polícia Militar, de 17.341 agentes, que são responsáveis por ações de policiamento ostensivo. A diferença é ainda maior se considerados os seguranças não legalizados, que atuam de maneira clandestina. A Polícia Federal estima que, para cada profissional autorizado trabalhando, existam outros três ilegais.
Em 2010, havia 5.362 vigilantes em atividade no Ceará. De lá para cá, o setor teve um incremento de 524%. No mesmo período, o número de homicídios no Estado cresceu 58%, saltando de 2.803 casos em 2010 para 4.439 em 2014.
Roubos e furtos, que implicam diretamente na sensação de segurança, não foram divulgados na íntegra no período, pois os dados são considerados inconsistentes pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Em 2013, porém, 51.414 ocorrências do tipo foram registradas no Estado.
Ilegalidade
A violência urbana que cresceu na ausência do Estado levou não só à busca pela segurança patrimonial, como acarretou a “profissionalização” do setor. Cenas como as flagradas pelo O POVO.dom nas ruas de Fortaleza, com homens sentados em banquinhos e de cassetete na mão, são cada vez mais raras.
Hoje, é comum que moradores contratem seguranças que circulam pelas ruas dos bairros em motos, bicicletas e até mesmo carros. Os dois perfis de trabalhadores, porém, exercem atividade ilegal.
“Eles estão usurpando uma competência que é da Polícia Militar, a quem cabe o policiamento ostensivo nas ruas. Aos vigilantes, cabem as ações preventivas de segurança dentro do patrimônio. Dos portões para fora é com a PM”, frisa a delegada Eliza Barbosa, chefe da Delegacia de Controle de Segurança Privada (Delesp) da PF.
A delegada afirma que, apesar de ilegal, a ação clandestina não é crime ou contravenção. Cabe à PF somente fiscalizar e encerrar a execução do serviço, num primeiro momento. .
“Não cabe a prisão em flagrante da pessoa que executa o serviço de segurança irregular. Mas, caso o vigilante irregular insista na prestação do serviço, ele será preso pelo crime de desobediência” A Delesp atua com base em denúncias e fiscalizações regulares.
Números
33.479 vigilantes profissionais estão em atividade no Ceará
17.341 policiais militares trabalham no Estado, incluindo oficiais e praças.
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