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domingo, 23 de agosto de 2015

2018; TUCANOS AFINAM O BICO

Por ipuemfoco   Postado  domingo, agosto 23, 2015   Sem Comentários

O manifesto de fundação do PSDB, assinado em junho de 1988, orgulhava-se do partido que nascia “longe das benesses do poder, mas perto do pulsar das ruas”. O lema tucano tornou a orientar a legenda nos últimos dias. 

Desde o início das manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, o partido nunca esteve tão próximo das ruas como agora. O PSDB, aliás, foi o primeiro a entender o recado emanado dos protestos. 

Convencidos de que não poderiam fazer ouvidos moucos para a voz do povo, os tucanos, além de terem participado ativamente da mobilização que levou quase 700 mil pessoas às principais avenidas do País no domingo 16, decidiram que a melhor maneira de atender aos anseios da população era unificar o discurso em torno da saída da presidente Dilma. 

Até então, os integrantes do PSDB não falavam a mesma língua – seus líderes apresentavam soluções distintas para a saída da crise. Os tucanos afinaram o bico a partir de uma declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, emitida na segunda-feira 17. Em postagem no Facebook, FHC disse que a renúncia seria um “gesto de grandeza” da presidente. 

“Se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de Lava Jato”, afirmou. Ainda para FHC, o governo, embora legal, é ilegítimo. “Falta-lhe base moral, que foi corroída pelas falcatruas do lulopetismo”, acrescentou.

O texto de FHC não foi apenas o mais contundente recado já emitido a Dilma pelo líder tucano. Pela primeira vez na história do País, um ex-presidente pedia a renúncia de outro no exercício do cargo. “O texto de Fernando Henrique Cardoso unificou o partido e pacificou o discurso”, afirmou o secretário-geral nacional da sigla, deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP). 

“Há uma convergência clara. O que o presidente Fernando Henrique Cardoso disse é o que está no sentimento e na alma de milhões de brasileiros. Ele apresenta uma alternativa para um governo que deixou de ser governo”, fez coro o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente da legenda.

Na realidade, a proposta de renúncia é uma maneira de tratar o impeachment com sutileza, antes de serem reunidas as condições políticas necessárias para fazer o processo deslanchar no Congresso. A nova linha de ação do PSDB foi acertada em reunião na casa do ex-presidente em São Paulo, logo após a divulgação da mensagem nas redes sociais. 

Estiveram no encontro Aécio e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, políticos tucanos que se apresentam para o jogo da sucessão de Dilma. Na conversa, Fernando Henrique fez uma avaliação do cenário político e recomendou que o partido falasse a mesma língua ao discutir as alternativas para a crise. “Não podemos mostrar desunião no momento em que o governo definha”, teria dito. Na semana anterior, FHC já havia abordado o tema com outro líder tucano, o senador José Serra (SP). Depois da reunião na casa de FHC, o senador Aloysio Nunes (SP), vice na chapa de Aécio e histórico aliado de Serra, subiu à tribuna do Senado e disse que, se um pedido de impeachment fosse submetido ao plenário da Câmara, os tucanos votariam pelo afastamento de Dilma. 

“Se isso acontecer (o pedido de impeachment for encaminhado), não tenho dúvida nenhuma de que o PSDB votará a favor”, afirmou. 

À noite, o Serra seguiu na mesma toada, ao dizer durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, que considerava difícil a presidente Dilma terminar o mandato. “Dilma, na prática, não tem governado. O principal programa [dela] é não sair do governo”, afirmou.

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Nas últimas semanas, o PSDB rachou internamente ao discorrer sobre o afastamento de Dilma. Líderes no Congresso alinhados com Aécio, como o deputado Carlos Sampaio (SP) e o senador Cássio Cunha Lima (PB), defenderam a cassação do mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a realização de novas eleições. 

Os parlamentares tinham como objetivo jogar uma ducha de água fria na movimentação do vice-presidente Michel Temer (PMDB), interessado em se cacifar num cenário pós-Dilma. Outro grupo no partido, sob a batuta de Alckmin, adotava um discurso mais moderado. 

O governador paulista chegou a participar de cerimônia ao lado de Temer no Palácio Bandeirantes. “Se surgir a hipótese do impeachment, vamos estudá-la”, disse Alckmin convertido ao novo discurso. Para quem, como Alckmin, rechaçava a possibilidade do impeachment, a declaração representou sem dúvida um avanço.

Em uníssono, os tucanos agora apontam para uma solução “pela Constituição” – a renúncia ou o impeachment, mas não necessariamente com a conseqüente realização de novas eleições. Ou seja, acenam para o apoio a Temer, se for o caso. Eles defendem ainda a blindagem do TCU e do TSE, onde tramitam processos que podem selar o destino da presidente Dilma. 

O TCU irá julgar as chamadas “pedaladas fiscais” do governo na prestação de contas no ano passado. O TSE avalia se a contabilidade da campanha de Dilma foi contaminada por doações irregulares feitas por empresas envolvidas na Lava Jato. “Neste instante, é absolutamente fundamental que todos nós voltemos nossos olhos para a ação dos nossos tribunais, seja o TCU, seja o TSE para que não sofram qualquer tipo de constrangimento”, afirmou Aécio.

A pressão das ruas e a unificação do discurso no PSDB levaram outros setores da oposição a defender a convergência na discussão para a saída da crise. 

Em nota subscrita pelos líderes do PSDB, Carlos Sampaio, do DEM, Mendonça Filho, da minoria, Bruno Araújo (PSDB), do PPS, Rubens Bueno, do SDD, Arthur Oliveira Maia, e do PSC, André Moura, os oposicionistas disseram que “diante das gravíssimas crises econômica, política e ética em que o governo do PT colocou o Brasil e da irreversível perda de condições, por parte da presidente da República, em conduzir o país, os partidos de oposição compartilham da mesma preocupação e da necessidade de unir suas forças para buscar alternativas capaz de superar tais crises”. 

Numa contabilidade inicial, os signatários do documento avaliam que o novo grupo pode reunir até 170 deputados dispostos a votar a favor da abertura de um eventual processo de impeachment contra Dilma na Câmara. 

Assim sendo, restariam 172 votos para alcançar os 342 votos necessários. Nada como o pulsar das ruas, como diz o manifesto tucano, para reaglutinar políticos dispersos.
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