Há muito venho pensando em escrever sobre aquilo que me parecem ser semelhanças e diferenças entre o ex-governador Lúcio Alcântara (PR) e o atual governador,
Camilo Santana (PT). Esperava um pouco mais de tempo para reunir elementos para tecer as considerações, coisa que agora pareço possuir. Vamos às semelhanças.
Lúcio e Camilo são filhos de políticos “tradicionais”, vindos de famílias do interior do Ceará e que ostentam os sobrenomes de seus pais: Alcântara e Santana. Ambos foram escolhidos para suceder seus “padrinhos” políticos – Tasso e Cid – quando estes não mais podiam candidatar-se, e tiveram seus nomes sacralizados no intuito de serem apresentados como “perfis diferentes” de seus padrinhos.
A eleição de ambos deu-se num cenário de alta competitividade (algo incomum nas eleições estaduais do Ceará), sendo levadas ao segundo turno. Em ambas as eleições era o legado dos patronos que estava em jogo, seja para defender, seja para diferenciar-se. A presença destes era visível no nome indicado como vice à chapa: Maia Jr. E Izolda Cela.
Mas, é aproximando o olhar dos governos que parecem findar as semelhanças. Vejamos: Lúcio montou um governo com a “cara” de Tasso Jereissati: secretários ligadíssimos a este davam as cartas no governo lucista, dentre os quais Maia Jr e Raimundo Matos, Carlos Mattos dentre outros, cabendo a Lúcio indicações de nomes para pastas menos relevantes. Camilo também montou um governo até certo ponto com a “cara” de Cid. Mauro Filho continuou à frente da Fazenda, Ivo Gomes nas Cidades. Mas a mão de Camilo parece ter sido mais forte do que a de Lúcio, em 2003.
Camilo, na condução do Governo, vem destacando-se em áreas que desgastaram Cid: incorporou demandas históricas de militares e de professores da rede estadual, além de anunciar o tão esperado concurso da Uece, justamente coisas em que Cid Gomes “sentara em cima”.
Ao contrário de Lúcio que continuou a “política” de Tasso em várias áreas, inclusive tendo em seu governo uma greve de professores universitários de mais de seis meses, cabendo a Cid a negociação, quando já eleito, em novembro de 2006.
Camilo, assim, vai por outro caminho: o de buscar o apoio de setores rejeitados por seu patrono. Lúcio, não. Inclusive, na Assembleia costura-se agora a saída de um cidista da articulação política para um “camilista”. Dos 15 deputados que se elegeram pelo PSDB em 2002, apenas três eram lucistas, o que causou “prejuízo” à campanha de reeleição de Lúcio. Mas, Camilo conseguirá formar uma robusta base de apoio a seu nome? Emanuel Freitasemanuel.freitas@ufersa.edu.br Doutorando em Sociologia (UFC) e professor de Sociologia (Ufersa)
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