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quarta-feira, 4 de março de 2015

FALTA MÃO DE OBRA BRAÇAL NO CAMPO

Por ipuemfoco   Postado  quarta-feira, março 04, 2015   Sem Comentários


"Ninguém quer mais trabalhar um dia de serviço na limpeza do mato", No Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canindé, os sindicalistas admitem essa realidade,
baseados na Arrecadação do Imposto Sindical Rural, que é de R$ 30,00 por dia de serviço na agricultura.

As chuvas que banham o Sertão do Ceará trouxeram um lado positivo para os trabalhadores da agricultura familiar: eles puderam iniciar o plantio de milho e feijão com as primeiras chuvas do mês de janeiro de 2015. 

Mas, por outro lado, um ponto negativo: a falta da mão de obra braçal no campo. No município de Canindé - cidade que enfrenta um sério problema no abastecimento de água para o consumo humano na sua sede -, na zona rural, é fácil constatar essa realidade.

O verde da esperança nos plantios tomou o espaço do seco e da angústia. No Vale do Ubiraçu, os donos das roças não escolhem dia nem hora para o trato das culturas, que já se mostram bem desenvolvidas por conta das chuvas e do sol que ajudam no crescimento das plantas.

José Baltazar cuida do roçado de milho que começou a germinar no dia 23 de janeiro e hoje se encontra em estado de crescimento bastante avançado. Ele comemora o período chuvoso, mas reclama da falta da mão de obra no campo.

"Ninguém quer mais trabalhar um dia de serviço na limpeza do mato", lamenta Baltazar, que plantou trinta quilos de milho. Jeremias Feliciano Soares, 45, toca sozinho seu campo de feijão. "Se posso fazer sozinho, porque esperar por quem nem sequer quer trabalhar?", questiona o agricultor.

Jeremias plantou um hectare e meio de feijão e já limpa a planta com cuidado. "Na Semana Santa, se Deus quiser, vamos ter feijão verde na mesa para o jejum", prevê.

Luiz Gomes dos Santos, 77, da comunidade de Bonitinho, também reclama da falta de opção para o campo. "Nos anos 70, a maior dificuldade era comprar um quilo de arroz. Hoje todo mundo come arroz". 

Segundo ele, paga um dia de serviço a R$ 30,00. Muitos, porém querem R$ 20,00 para trabalhar até meio-dia. Antônio de Sousa Santos, 65, da localidade de Vaca Brava, também reclama da dificuldade para encontrar um trabalhador.

"Pagamos R$ 30,00 e, mesmo assim, ninguém que ir trabalhar". Já Manoel Alves Clementino, 82, situado na localidade de Armador, afirma que oferece trabalho a R$ 30,00 com direito a merenda e almoço e, mesmo assim, ninguém aceita. "As coisas mudaram e agora quem quiser se manter produzindo no campo terá que trabalhar sozinho", diz em tom de tristeza.

No Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canindé, os sindicalistas admitem essa realidade, baseados na Arrecadação do Imposto Sindical Rural, que é de R$ 30,00 por dia de serviço na agricultura. Francisco Antônio Pereira, da Região de Vazante do Curu, disse que não existe mais ninguém que queira prestar um dia de serviço no campo.

"Nos anos 70, a maior dificuldade no sertão era absorver a mão de obra. Hoje, o maior problema é encontrar a mão de obra. Esse contraste é fácil de ser analisado nos Sertões de Canindé. Para Noberto Feitosa de Castro, o grande problema é que existem muitos programas sociais e quem foi empregado nos anos 70 hoje é patrão".

Para o Secretário da Agricultura e Recursos Hídricos de Canindé, José Airton Maciel, a expansão da economia brasileira, que já causava gargalos de mão de obra especializada nos grandes centros urbanos, invade também os campos da agropecuária do País. Com isso, a dificuldade para encontrar trabalhadores qualificados e operários braçais está cada vez maior.


"A escassez de mão de obra no campo está refletindo fortemente na elevação dos custos da produção agrícola no Estado. A maior parte dessas pessoas vinha de áreas rurais onde o meio de sobrevivência era aposta na expansão da agricultura. E agora não vêm mais, por conta dos inúmeros benefícios que recebem", avalia José Airton Maciel.

Patrões


O problema agora não é somente encontrar mão de obra especializada, mas uma quantidade maior de profissionais, destaca Airton. "A agricultura no Brasil evoluiu tanto que, ao invés de 'empregados', o campo hoje em dia, na realidade, tem grandes patrões".

"No sertão canindeense, os produtores estão satisfeitos com a chegada das chuvas. Contudo, existem dificuldades de encontrar mão de obra na região. Além disso, ninguém quer trabalhar pela tabela do Imposto Sindical que é R$ 30,00 o dia de serviço", frisa o engenheiro agrônomo Jorge Luís Bastos, que tem uma propriedade na Serrinha dos Paulinos, na divisa de Canindé com Itatira e Madalena.

No roçado do produtor rural de Jorge Mariano da Silva, os três hectares são ocupados por milho, feijão e sorgo, plantas da agricultura de subsistência do Semiárido nordestino.

Irregularidade

"Essa realidade poderia ser melhor, se não fosse a mão de obra escassa no campo. Muitas vezes, temos um projeto para plantar mais e não se faz porque não temos pessoal. Pagamos R$ 30,00 com direito a merenda e almoço e nem assim estamos conseguindo mão de obra", conta Jorge Mariano.

Outro problema agravante é a irregularidade das chuvas, que também prejudica a produtividade. As precipitações no Semiárido não acontecem de forma distribuída, ou seja, chove bastante em períodos concentrados e depois para completamente.Antonio Carlos Alves/DN

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