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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

QUAL DOS TRÊS CRIMINOSOS MERECE FÉ PÚBLICA?

Por ipuemfoco   Postado  sexta-feira, fevereiro 13, 2015   Sem Comentários

Já são 13 os delatores premiados que municiam de informações a operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Beneficiados por acordos que acenam com penas menores e uma série de regalias, entre elas a liberdade sem incômodos nesta fase de depoimentos, esses delatores têm espalhado versões para fatos criminosos que vão levantando uma série de desmentidos. 

O problema é que, nessa sistemática, o que menos se tem mostrado até agora são provas concretas do show de acusações protagonizado pelos bandidos confessos. Até que ponto se pode acreditar, sem restrições, no que eles dizem?

Não ganhou carimbo de verdade na mídia, por exemplo, a delação do policial federal Jayme Alves, o Careca. Em depoimento divulgado pela Lava Jato no final do mês passado, Careca afirmou ter entregue, a mando do doleiro Alberto Youssef, numa casa em Belo Horizonte, nada menos que R$ 1 milhão em dinheiro vivo, a título de propina, nas mãos de um representante do então governador Antonio Anastasia (PSDB). 

Diante do desmentido do doleiro, e também de Anastasia, a mídia imediatamente esfriou o depoimento, preferindo acreditar na negativa do político tucano – e encerrar o assunto por ai.

Agora, numa acusação em tudo semelhante, a opção geral da imprensa tradicional se inverte – e passa a ser a de acreditar fielmente na palavra de um bandido. No caso, a acusação de Youssef que liga o lobista Julio Camargo, da Toyo Setal, diretamente ao ex-ministro José Dirceu. 

O doleiro afirmou ao juiz Sergio Moro que Camargo entregava fortunas em dinheiro a Dirceu. Sem dúvida e com decisão, a mídia passou a construir suas mais recentes manchetes a partir dessa palavra.

Ocorre, no entanto, que a acusação de Youssef despertou, de imediato, dois desmentidos dos personagens que ele envolveu na trama. Por meio de sua advogada, Camargo negou que conheça Dirceu e que com ele tenha mantido qualquer tipo de relacionamento. O ex-ministro do PT, por seu lado, expediu nota à imprensa igualmente garantindo que nunca se encontrou ou teve negócios com Camargo.

As duas negativas enfáticas, como se esperava pelo padrão geral da cobertura jornalística da Lava Jato, foram simplesmente ignoradas pelos veículos de comunicação. Deu-se todo o crédito para Youssef, que, como fizera Careca, também não apresentou provas a respeito do que disse.

Grande show para a mídia, o sistema de delação premiada, novo no Brasil, vai sendo visto com a solução para todos os males de corrupção. No entanto, os criminosos confessos e apanhados com milhões em contas bancárias no exterior, vão despejando acusações que, mesmo não provadas, já são dadas como absolutamente verdadeiras.

A pergunta que sobressai é sobre até que ponto se pode acreditar no que os delatores estão dizendo. Além do risco de estarem ocorrendo delações seletivas – com acento contra adversários e suavidade sobre amigos -, já se veem claramente a repetição das preferências midiáticas na divulgação de cada depoimento.

No atual quadro ds delações premiadas da Lava Jato, uma velha lei social parece estar se reproduzindo em alta velocidade: aos amigos, tudo; aos inimigos, o selo de fé pública sobre a palavra dos bandidos. Esse sistema é mesmo positivo para o saneamento dos costumes políticos do País?

Abaixo, notícia da Agência Brasil sobre a mais recente delação de Aberto Youssef:

Advogado de Youssef diz que há provas de relação entre Dirceu e Júlio Camargo

André Richter - Enviado Especial da Agência Brasil/EBC

O advogado Antônio Figueiredo Basto, que representa o doleiro Alberto Youssef, disse hoje (13) que há provas sobre a relação entre o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo e o ex-ministro José Dirceu. Ontem (12) a advogada de Camargo e a assessoria de Dirceu repudiaram as acusações do doleiro, sem a apresentação de provas. 

Youssef está presente hoje na audiência em que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa depõe na Justiça Federal em Curtiba.

Em depoimento de delação premiada à força-tarefa de investigadores da Operação Lava Jato, Youssef declarou que entregou dinheiro no escritório de Camargo em São Paulo e que a quantia "servia para pagamentos da Camargo Corrêa e Mitsui Toyo ao PT, sendo que as pessoas indicadas para efetivar os pagamentos à época eram [o tesoureiro do PT] João Vaccari e [o ex-ministro] José Dirceu."

Para justificar as acusações, o doleiro disse ter "convicção de que os valores eram destinados ao PT e à Diretoria de Serviços da Petrobras, na pessoa de Renato Duque.

De acordo com Basto, as acusações de Youssef não se baseiam apenas em declarações. "Isso é uma questão que tem que ser debatida nos autos, Eu tenho certeza que meu cliente [Youssef] está falando a verdade. Nós temos provas disso aí. Não é só a voz de meu cliente, há quebra de sigilos e outros indícios documentais. Não é só falar. A colaboração de meu cliente foi homologada pelo Supremo. Se não houvesse uma prova contundente isso não seria homologado.", disse Basto.

O advogado também não descartou uma acareação entre o doleiro e as pessoas citadas nos depoimentos. "O confronto vai ter que existir, inclusive pelo número de colaboradores que existem. Tenho certeza que vai chegar uma hora que a gente vai ter que acarear todos esses caras para ver quem está falando a verdade", sugeriu Basto.

Em nota à imprensa, o ex-ministro José Dirceu repudiou as declarações de Yousseff de que teria envolvimento com Julio Camargo ou com empresas investigadas pela Operação Lava Jato. Ele negou ter representado o PT em negociações com Camargo ou construtoras e disse que depois que deixou a chefia da Casa Civil, em 2005, sempre viajou em aviões de carreira ou por empresas de táxi aéreo. A nota também destaca a ausência de provas das acusações.

A advogada Beatriz Catta Preta, que representa Júlio Camargo, também divulgou nota na qual afirmou que as declarações de Youssef são "temerárias porque absolutamente inverídicas". Segundo ela, todos os fatos que eram de conhecimento de Camargo foram delatados aos investigadores e não há pendendências.

Beatriz também esclareceu o suposto uso do jatinho. Segundo ela, a TAM administrava o afretamento do avião e recebia os valores dos deslocamentos.

"Já quanto à ilusória e absurda conclusão de que o Sr. Julio Camargo tenha uma relação 'muito boa' com o Sr. José Dirceu, apenas porque este teria viajado em avião de sua propriedade, deve ser esclarecido que a aeronave em questão, qualificada como taxi aéreo, era deixada sob a administração da TAM, a qual tem o dever de cuidar da manutenção, hangarm e afretamento da mesma. Isso significa que, ao haver interessados no afretamento da aeronave, a TAM apenas pergunta ao proprietário se utilizará o avião naquele período ou não", disse a advogada.

A defesa de Renato Duque nega que ele tenha recebido valores indevidos durante o período em que esteve na Diretoria de Serviços da Petrobras.

Citados na delação premiada de Pedro Barusco, João Vaccari e o PT rechaçam as declarações sobre recebimento de valores indevidos. No entendimento do partido, as declarações de irregularidades são para envolver a legenda em acusações sem provas ou indícios e não merecem crédito.

Em nota, a secretaria de Finanças do PT afirma que todas as doações recebidas pelo partido foram feitas dentro da lei e declaradas à Justiça. "A afirmação de Youssef causa profunda estranheza, pois sua contadora, Meire Bonfim Poza, declarou à CPI Mista da Petrobras, no último dia 8 de outubro, que não conhece e que nunca fez transações financeiras com Vaccari Neto", declarou o partido.247

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