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domingo, 25 de janeiro de 2015

POLÍTICA; O NOVO BICHO-PAPÃO QUE CID GOMES NÃO ACEITA

Por ipuemfoco   Postado  domingo, janeiro 25, 2015   Sem Comentários

Alguns anos atrás, quando a revista Veja publicou uma capa com o título 'o Brasil não é o Maranhão',
o ex-presidente José Sarney telefonou para o empresário Roberto Civita, já falecido, de quem se considerava amigo.

– O que é isso, Roberto? Por que essa capa?

– Gosto muito do senhor, presidente, mas já que decidiu se aliar ao Lula…

Essa foi a explicação do então editor da Abril para seu rompimento com Sarney: o 'pecado mortal' de uma aliança com o PT.

Hoje, quem assusta a mídia alinhada ao PSDB e os setores mais conservadores da sociedade brasileira é um político que, até recentemente, era tratado como um de seus principais aliados: o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

A prova dos nove veio na edição de 21 de janeiro do jornal O Globo, dos irmãos Marinho. Kassab mereceu um editorial inteiro do jornal intitulado "Manobra contra PMDB degrada quadro partidário".

Curiosamente, o PMDB, que sempre foi tratado pela mídia familiar como o mais fisiológico dos partidos, passou a tê-la como nova aliada. Até porque seria um anteparo ao PT. Eis o texto do Globo:

Abaixo da superfície do discurso a favor de uma reforma política alegadamente moralizadora, transcorre, no subsolo do campo político do governo, uma dessas manobras cujo desfecho resulta no oposto — em maior pulverização partidária e mais combustível para o fisiologismo.

À frente da operação está um especialista em prestidigitação, o ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, aquele que não se coloca no centro, nem na direita nem na esquerda, responsável pela ressurreição da sigla PSD — nenhuma semelhança com aquela fundada por Vargas para abrigar os getulistas conservadores —, partido feito sob medida para apoiar o governo petista de Dilma.

Atingido o objetivo, o ágil e também metamorfósico Kassab foi premiado, no segundo governo Dilma, com o Ministério das Cidades, estratégico para quem se dispõe a trocar verbas por votos. E já se lança em nova missão, também para ajudar o Planalto.

Kassab aplica seus conhecimentos no ramo para criar mais uma legenda, outra exumação, o PL, Partido Liberal, sigla que já teve como um dos principais nomes o falecido Álvaro Vale, do Rio de Janeiro. 

A manobra ocorre em paralelo a uma outra, idêntica, deflagrada pelo PR do senador Alfredo Nascimento (AM), defenestrado do Ministério dos Transportes quando a palavra de ordem no Planalto era “faxina ética”. Nascimento trabalha para fundar o Muda Brasil, seja lá o que isso signifique.

O objetivo de ambos, com a criação de dois “novos” partidos, é, aproveitando uma falha da legislação supostamente anti-infidelidade partidária, fundar legendas para atrair oposicionistas que desejam bandear-se para o bloco de apoio ao governo. Há sempre alguém, eleito pela oposição, que não consegue sobreviver fora do regaço do poder. 

O próprio PSD já cumpriu esta função. Como a legislação permite sair de partido para uma legenda nova, criaram-se as condições para esta farra. O objetivo principal, porém, é reduzir o peso do PMDB, o qual, com todas as mazelas, é barreira contra aventuras petistas no Congresso.

Ao estimular Kassab e o PR, o Planalto ajuda a ampliar a já excessiva pulverização partidária. Hoje, há 30 legendas reconhecidas pela Justiça eleitoral, das quais 28 têm representação no Congresso. Não espanta que haja negociatas nada republicanas de troca de apoio parlamentar por acesso a dinheiro público, e funcione um balcão de venda de tempo no programa eleitoral dito gratuito. O absurdo só faz aumentar, porque há mais legendas na linha de montagem. Entre elas, o Partido Piratas do Brasil (Piratas).

Não se deve parar de insistir: o caminho é o inverso, ou seja, a criação de cláusula de desempenho e o fim da coligação em eleições proporcionais, para que só tenha representação no Congresso e demais prerrogativas legenda que atraia votos, e só se eleja político com apoio efetivo.

O PMDB, de Geni da política brasileira, passou a ser a "barreira contra aventuras petistas no Congresso". E o inimigo da mídia conservadora passou a ser Kassab, que tem recebido caneladas também em jornais como Folha e Estado.

Qual será o tamanho do novo PSD?

Ciente dos motivos que movem os que hoje lhe atiram pedras, Kassab não tem se desviado dos seus objetivos. Desde que assumiu o Ministério das Cidades, tem recebido prefeitos e governadores de todos os partidos. Nos estados, liberou os presidentes dos diretórios do PSD e as principais lideranças locais para articularem a volta do PL.

O pulo do gato é simples. Políticos que migram para novas legendas não perdem seus mandatos, ao contrário do que ocorreria se pulassem diretamente no barco do PSD. Por isso, devem ir para o PL, que, no futuro, seria fundido com o PSD.

Pelas contas que circulam em Brasília, nada menos que 500 prefeitos devem migrar de legendas oposicionistas para o PL. Assim, Kassab poderia chegar a mil prefeituras, ficando cabeça a cabeça com o PMDB. Na Câmara, os peemedebistas devem ser superados, uma vez que a soma PSD-PL chegará a cerca de 70 parlamentares. No Senado devem ser sete representantes, assim como três governadores: Raimundo Colombo, de Santa Catarina, Robinson Faria, do Rio Grande do Norte, e José Melo, do Amazonas, que deve deixar o Pros.

Ou seja: o que está nascendo, graças à articulação de Kassab, é a maior máquina política do País. Uma máquina fiel à presidente Dilma Rousseff, de quem ele foi aliado de primeira hora, mas não necessariamente ao PT. 

Em São Paulo, por exemplo, é remotíssima a possibilidade de uma composição com o prefeito Fernando Haddad e dois nomes já circulam como possíveis candidatos do PSD: Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, e Ricardo Patah, sindicalista dos comerciários. Mas caso Lula seja mesmo o candidato do PT em 2018 à presidência, dificilmente deixará de ter o PSD como um dos principais aliados.

Aonde Kassab pretende chegar

A maior ambição política de Kassab é pública há diversos anos e ele nunca fez questão de escondê-la. Seu sonho, declarado, é o Palácio dos Bandeirantes.

Por isso mesmo, na disputa eleitoral de 2014, ele chegou a disputar a indicação da vice na chapa de Geraldo Alckmin, tendo sido preterido por Márcio França, do PSB. Assim, acabou concorrendo ao Senado, mas ficou espremido entre o tucano José Serra, que foi eleito, e o petista Eduardo Suplicy, derrotado.

Kassab, no entanto, chegou a discutir uma eventual aliança com o PT para o Palácio dos Bandeirantes, em que ele próprio seria o candidato. Esse movimento era visto com bons olhos pelo próprio Lula e por políticos influentes no partido, como o ex-deputado João Paulo Cunha, que, embora tenha sido condenado na Ação Penal 470, é respeitado por suas análises políticas.

Os defensores da chapa PSD-PT enxergavam algo que hoje parece mais claro: a possibilidade de conquistar São Paulo, tirando o estado das mãos do PSDB, não se mostra viável pela esquerda, mas apenas pela centro-esquerda.

Caso Kassab consiga ser um ministro das Cidades de bons resultados, numa pasta que tem programas vitais, como o Minha Casa, Minha Vida, essa conversa, podem apostar, voltará a ser discutida com força.

Bicho-papão da política brasileira, que já montou um grande partido, o PSD, e agora pode turbiná-lo com o PL, Kassab ainda não desistiu de seu objetivo maior. Concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, com o apoio de Lula, de Dilma e do PT.

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