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sábado, 8 de novembro de 2014

O RISCO QUE DILMA CORRERÁ'' SE CONTINUA ADVERSÁRIA DAS CONVERSAS COM PARLAMENTARES''

Por ipuemfoco   Postado  sábado, novembro 08, 2014   Sem Comentários


Dilma pediu que as informações não vazassem dali. “Falo aqui e depois vejo tudo no Twitter”, disse.
"Blocão” é uma palavra que a presidente Dilma Rousseff não gostaria de ouvir mais. Faz lembrar um bicho que invadiu os corredores do Congresso Nacional no início do ano, resultado da união entre aliados insatisfeitos com o governo e as feras da oposição.

Numa das várias reuniões para domar a ira desse animal político, em março deste ano, Dilma reuniu no Palácio do Planalto o presidente do Senado, Renan Calheiros, o líder do governo, Eduardo Braga, e o líder do PMDB, Eunício Oliveira. Ao lado do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, ela disse que estava preocupada com o desgaste do PMDB e do governo na querela.

 O PMDB ameaçava romper com o PT e votar com a oposição. Dilma pediu que as informações não vazassem dali. “Falo aqui e depois vejo tudo no Twitter”, disse.

Aquele dia de março explicitou as dificuldades de Dilma com os políticos. Ela não confia neles. Acha que tudo o que dirá será vazado. Apesar de ter assumido com o apoio de 400 dos 513 deputados, três anos depois ela não tinha interlocutores qualificados na Câmara, o foco da crise, a ponto de precisar buscar ajuda em líderes do Senado. As condições que permitiram o nascimento do “Blocão” podem surgir em qualquer ambiente político. 

Mas o governo Dilma cultivou esse veneno ao manter a pior relação de um presidente da República com o Congresso em tempos recentes – com exceção de Fernando Collor, é claro. A convivência de Dilma com os políticos envolve um misto de desconfiança e impaciência. Ela é naturalmente avessa a conversas longas, negociações, mesuras, sinais de prestígio. Prefere reuniões para discutir projetos, com planilhas à mão. 

“Agora não tenho mais tempo. Tenho outra reunião”, disse Dilma diversas vezes nos encontros que manteve com parlamentares aliados do PMDB e do PR.

A administração de um país demanda mais que dar ordens a subordinados. Pressupõe negociar com pessoas (algumas desagradáveis) para promover avanços ou conter desastres. Aí está a maior dificuldade de Dilma. Em várias ocasiões, ela prometeu mudar e receber políticos mais frequentemente. No início de 2013, abraçou o senador Alfredo Nascimento, do PR (“Que bom ver você! Passamos tantas dificuldades juntos!”). 

Teve paciência para ouvir uma explanação sobre economia do senador Armando Monteiro, do PTB. Em todas as vezes, fez a mesma coisa: organizou excursões em que representantes de partidos aliados eram recebidos em bloco, todos juntos, na mesma época, em almoços ou jantares. Esse formato cartesiano não combina com a prática da política brasileira. 

“Fernando Henrique voltava de uma viagem ao exterior e mandava me chamar no Palácio”, diz o ex-deputado Roberto Jefferson. “Eu ia lá, ele contava algumas coisas, e eu, como líder do meu partido, voltava ao Congresso grande, prestigiado.” A vida em Brasília é assim: parlamentares querem demonstrações de prestígio para legitimar-se diante de seus pares e eleitores.

No início do mandato, Dilma angariou a simpatia de parte da população por manter-se distante dos políticos, sempre os menos queridos nas pesquisas de opinião. Deixou nas mãos do ministro Antonio Palocci a tradicional lista de pedidos de nomeações para cargos. 

Sem Palocci, derrubado no primeiro escândalo de seu governo, Dilma escalou as senadoras Gleisi Hoffman, uma novata no Congresso, e Ideli Salvatti para dialogar com o Congresso. As duas foram desprezadas pelos parlamentares, assim como o outro antecessor delas, o deputado petista Luiz Sérgio. Os parlamentares perceberam rapidamente que Dilma não dava a seus líderes autonomia para decidir. 

O político respeita o poder e despreza quem não o detém. A última tentativa de Dilma nessa seara, ainda em vigor, foi com o ministro Aloizio Mercadante, um ex-senador que nunca foi muito popular no Congresso. Numa reunião, Mercadante disse a aliados que eles deveriam deixar de pedir cargos e fotos com Dilma. Foi atacado na hora, e a história mostrou que ele estava errado.

A seleção natural da política faz com que o poder dos presidentes míngue a partir da segunda metade do segundo mandato. Sem poder reeleger-se, eles veem os aliados migrar em busca de novas perspectivas. 

A resistência de Dilma à política poderá fazer falta antes, já em 2015. Os políticos não acreditam em suas promessas. Ela começará o mandato com um Congresso conflagrado pelas revelações do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef sobre o esquema de corrupção na Petrobras que drenou dinheiro público para PP, PT e PMDB. Não há chance de as duas CPIs da Petrobras não se tornarem barulhentas com o que já foi dito e o que poderá ser provado a partir disso. 

Dilma poderá ficar sem o poder que todo presidente tem no primeiro ano de mandato, quando sai fortalecido das urnas. É algo tão inédito quanto ter sido eleita presidente sem nunca ter disputado uma eleição, e assumir com a maior base de apoio da história no Congresso.ÉPOCA

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