O papa Francisco reuniu-se pela primeira vez na Cidade do Vaticano com um grupo de seis vítimas de abusos sexuais de padres pedófilos, diante das quais pediu várias vezes perdão e se comprometeu a não tolerar e a reparar a situação.
Em uma comovente homilia pronunciada durante uma missa celebrada na capela da Casa Santa Marta, onde mora desde que foi eleito, em março de 2013, o sumo pontífice denunciou a cumplicidade inexplicável da Igreja Católica, da qual é titular, com esses crimes.
“Diante de Deus expresso minha dor pelos pecados e crimes graves de abusos sexuais cometidos pelo clero contra vocês e humildemente peço perdão”, declarou o santo padre, que reconheceu que os líderes da Igreja “não responderam adequadamente às denúncias de abuso apresentadas por familiares e por aqueles que foram vítimas de abuso”, disse.
O argentino Francisco pronunciou sua homilia em espanhol, sinal de que a escreveu de próprio punho, o que ocorre em momentos especiais, quando prefere utilizar o seu próprio idioma. Um tradutor acompanhou o pontífice, já que o grupo de vítimas era formado por dois britânicos, dois alemães e dois irlandeses, que sofreram abusos sexuais por parte de religiosos.
As vítimas e familiares acompanharam primeiro a missa matutina que o bispo de Roma costuma ministrar na capela de sua residência, e depois se encontraram em particular. Evitou-se divulgar os nomes das pessoas na imprensa, informaram fontes da Santa Sé.
Francisco se comprometeu desde sua chegada ao trono de Pedro a lutar contra a pedofilia e criou uma comissão para a proteção da infância da qual faz parte uma vítima, a irlandesa Mary Collins.
Um grupo de ativistas mexicanos enviou na quinta-feira uma carta ao papa Francisco na qual pede “decisões estruturais” para acabar com os padres abusadores. As vítimas reivindicam que as boas intenções que o papa expressou se tornem normas específicas, explicou no México, José Barba, de 75 anos, um ex-membro da congregação de seminaristas, dos Legionários de Cristo.
Barba foi vítima do abusador Marcial Maciel, o falecido fundador em 1941 da poderosa congregação, protagonista do maior escândalo de pedofilia da instituição e que conseguiu durante décadas da proteção de João Paulo II.
As autoridades do Vaticano informaram no início deste ano à Organização das Nações Unidas (ONU) que os procuradores da Santa Sé examinaram 3.420 casos de abusos sexuais contra menores cometidos na década passada.
Por esses casos, 848 padres tiveram que aposentar a batina e os 2.572 restantes foram obrigados a “viver uma vida de orações e penitência” em um monastério, uma punição que para as associações de vítimas é insuficiente. (das agências de notícias)
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