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domingo, 30 de março de 2014

DITADURA MILITAR; A OMISSÃO SEGUNDO DOM ALOISIO LORSCHEIDER

Por ipuemfoco   Postado  domingo, março 30, 2014   Sem Comentários




“Cada vez que a ditadura fazia uma invasão, fazia prisões arbitrárias. Nós começamos a protestar contra as torturas
e saiu um documento em 1970, em Brasília, justamente tendo esse assunto, mas demorou muito para nós nos decidirmos. Nós não acreditávamos que havia tortura no Brasil. Depois foi tão claro, recebemos tantas queixas e tantos fatos comprovados. Ninguém se impressionava com isso. 

O episcopado até que se uniu bastante. Naquela época o grande valor da revolução para nós da Igreja era a união interna da Igreja. Antes os bispos um pouco se digladiavam. Havia um grupo que se digladiava com o outro. De um lado era dom Helder com seus seguidores e outro lado era dom... Como era o nome? Ai meu Deus, ele foi depois arcebispo de Diamantina. Esqueci o nome dele agora. Esses grupos se digladiavam. 

Depois que aconteceu a ditadura, esse digladiar-se terminou e eles passaram a unir forças. Foi uma coisa positiva. Eu não tenho clareza (sobre o episódio Mariguella e o envolvimento dos dominicanos) porque até acho que nós fomos um pouco omissos. Claro, eles foram presos e demos todo o apoio que podíamos dar, mas acho que faltou um pouco mais de apoio e de presença nossa. Eu sempre me culpo em não ter sido um pouco mais presente e mais incisivo. 

Ter peitado mais a soltura deles, defendido mais os dominicanos, acho que nós defendemos muito pouco. A gente achou uma pena (a morte de frei Tito)! A gente achou ruim e depois, justamente, condenou o regime porque produziu uma morte. Porque no fundo ele se suicidou porque não aguentava mais a pressão desse comando revolucionário. (...) Eu até gostava destes perigos. Naquele tempo, nós só éramos examinados quando viajávamos de avião. 

Então, muitas vezes eu viajei só de ônibus, onde não tinha exame nenhum. Não tinha revista, não tinha nada disso. Agora, o avião sim, era revistado tudo, tudo. Então, eu viajava de ônibus. Tive muito contato. Com todos eles (governantes durante a ditadura). Com Médici menos, mas com os auxiliares deles sim. Costa e Silva também, porque o tio dele foi meu padrinho de ordenação episcopal e era muito amigo nosso. Eu tinha uma boa entrada com o Costa e Silva. Garrastazu Médici era mais fechado, não queria saber de padre”.

Trechos das Páginas Azuis publicadas no
O POVO em 23 de outubro de 2006. A entrevista foi republicada em 24 de dezembro de 2007, domingo, quando da morte de Dom Aloísio.

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