MUNICÍPIOS NÃO JUSTIFICOU OS GASTOS COM CARNAVAL

                            

A maioria dos 44 prefeitos notificados pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) não havia entregado, até o fim da tarde de ontem, as justificativas sobre suas festas de Carnaval em pleno período de seca e de crise com salários de servidores. Até as 16h30min, a Corte havia contabilizado apenas 18 respostas, e já cogitava esticar o prazo até a manhã de hoje .

As justificativas serão analisadas pelos relatores, que terão de decidir, até sábado, se mantêm as festas, se limitam as atrações ou se instauram de tomadas de contas especiais nas gestões. A Corte diz que vai dar tempo.

Um dos casos da lista do TCM é o de Aracoiaba, cuja festa terá shows do cantor Wesley Safadão e da banda Forró da Curtição, ambos pertencentes à mesma empresa, a Luan Produções. Wesley é filho da vice-prefeita, Maria Valnira de Oliveira(PSL) – conhecida na cidade como dona Bill –, também empresária de “Safadão”. O cantor também é filho do presidente Câmara Municipal de Aracoiaba.

A oposição aponta suposto beneficiamento indevido na escolha das atrações, além de reclamarem do formato da festa. De acordo com o vereador Rogério Alexandre (PRB), o Carnaval oficial será feito em local fechado e a Prefeitura estaria proibindo a população de levar a própria bebida, exigindo que o consumo seja feito nas barracas credenciadas para a festa. Os vereadores chegaram a procurar o Ministério Público, que marcou para hoje uma reunião entre o Executivo municipal e os parlamentares.

Ao O POVO, o secretário de Finanças de Aracoiaba, Nazareno Bezerra, que é tio de Wesley Safadão, negou que tenha havido beneficiamento na contratação do forrozeiro e disse que as bandas escolhidas irão tocar de graça – apesar de a licitação do Carnaval prever gastos de R$ 66,5 mil com a parte de “shows musicais”. “É uma cortesia, as bandas farão só uma passagem. É uma cortesia da vice-prefeita com o município. Agora, a oposição acredita se quiser”, alegou Bezerra.

Ele também desmentiu o vereador e disse que não é verdade que será exigido consumo exclusivo nas barracas credenciadas para o local da festa. O secretário ainda alegou que o município não está em estado de emergência por causa da seca e que não há atrasos no pagamento de servidores. A festa está orçada em R$ 298,3 mil e, segundo a Prefeitura, conta com auxílio financeiro do Governo do Estado.O POVO