O deputado Natan Donadon (sem partido-RO) foi cassado na noite desta quarta-feira sem sequer um voto a seu favor, diferentemente da outra ocasião em que o caso foi ao plenário.
Com o voto aberto, foram 467 votos a favor da cassação e uma abstenção. Na outra oportunidade, foram 233 a favor da cassação (eram precisos pelo menos 257 votos), 131 contra e 41 abstenções.
A única abstenção foi do deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA). Ele disse que foi condenado a três anos de prisão, em regime aberto, acusado de ter doado 13 laqueaduras na campanha municipal de 2004, e está recorrendo.
- Não me sinto à vontade para condenar alguém.
No plenário, 469 parlamentares estavam presentes e o presidente não votou. Logo depois de anunciar o resultado, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), leu o documento da perda do mandato de Donadon e anunciou que o titular do mandato é o atual suplente, Amir Lando (PMDB-RO), que ausentou-se da votação desta noite. Henrique Alves comentou a cassação de Donadon:
- Cumprimos o nosso dever. Não foi uma noite prazerosa, foi constrangedora. Foi a primeira votação com o voto aberto. Foram dois momentos: aquele, da outra votação (com voto secreto) que lamentamos, tivemos muitos ausentes, e o de hoje quando cumprimos nosso dever - disse Alves.
Os jornalistas indagaram se o voto aberto impedirá outros deputados processados de se livrarem da cassação. O presidente respondeu que não, pois o caso dependerá da convicção de cada parlamentar.
Donadon chegou com traje branco
Ao abrir a sessão na noite desta quarta-feira, Alve anunciou que Donadon não poderia discursar. Somente tiveram direito à palavra seu advogado, Michel Saliba, e o relator do processo, José Carlos Araújo (PSD-BA).
Henrique Alves anunciou a presença de 481 dos 513 deputados. O parlamentar esteve no plenário acompanhando a sessão. Mais magro e sem algemas, Donadon chegou à Câmara vestido de branco - traje exigido no Complexo Penitenciário da Papuda - mas depois vestiu um terno.
— O voto aberto é um voto que constrange os colegas. Me sinto injustiçado. O importante é que estou aqui com certeza e a convicção da minha inocência. Esse é o motivo de eu estar aqui, numa situação que sei que o voto é aberto. Mas a convicção da inocência me fez vir aqui — disse Donadon, antes da votação.
Sentado no plenário da Câmara, ele disse que é um "bode expiatório", afirmou que não renunciou porque é inocente e disse não saber por que está na prisão se foi absolvido pela Casa.
O ex-deputado presidiário questionou o fato de estar sendo julgado novamente, desta vez no voto aberto, e afirmou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF):
— Quem está com a verdade não tem por que fugir da raia. Eu, por mim, estaria exercendo o mandato porque a Câmara me absolveu. Eu fico me questionando o que estou fazendo naquela prisão.
O deputado Wladimir Costa (PMDB-PA) tomou a iniciativa de cumprimentar Donadon. Ao se levantar e ver o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), o ex-deputado presidiário deu um abraço no petista, que ficou constrangido.
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