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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

MARINA SILVA TORNOU-SE A ISCA QUE DILMA MORDE

Por ipuemfoco   Postado  quarta-feira, outubro 16, 2013   Sem Comentários

Sem partido formal, albergada no PSB de Eduardo Campos, destituída de fundo partidário e desprovida de tempo de propaganda na televisão, Marina Silva virou o ponto de desequilíbrio da sucessão presidencial.

A não-candidata da Rede tornou-se a isca que Dilma Rousseff morde. Se bobear, a presidente perde o bico dos tucanos de vista e atravessa a campanha com o anzol enganchado nos lábios.

Dilma irritou-se com a notícia de que Marina a acusara, em reunião com empresários, de desmontar o tripé econômico –superávit fiscal, câmbio flutuante e metas de inflação. Viajou para Itajubá, em Minas, com o anzol à mostra. A inflação fechará o ano dentro da meta, disse, sem esclarecer que o índice ronda o teto da meta, não o centro de 4,5%. Munida de autocritério, acrescentou que o rigor fiscal não foi abandonado e que o câmbio oscila para o bem da economia.

Numa entrevista radiofônica em que disse não estar de “salto alto”, Dilma saiu-se com essa: “Acredito que, para as pessoas que querem concorrer ao cargo [de presidente], elas têm de se preparar, estudar muito, ver quais são os problemas do Brasil.” A frase foi encontrar Marina na cidade de Recife. “Acho que ela deu conselho de professora”, reagiu a não-candidata da Rede.

 “Fui alfabetizada aos 16. Se tem uma coisa que gosto é valorizar aquelas que se dispõem a estudar. E que pega coisas com muita consistência. Aprender é sempre bom. Difícil aqueles que acham que não têm mais o que aprender e só conseguem ensinar.”

Uma semana depois de desperdiçar cinco horas do seu expediente numa reunião em que analisou com Lula e os operadores da campanha reeleitoral a entrada de Marina em cena, Dilma simulou despreocupação: “Eu passo o dia inteiro fazendo o quê? Governando!

 Veja que [a disputa presidencial] não é uma questão para qual eu possa destinar toda a minha atenção. Eu respeito todos os contendores. […] Agora, o meu problema é governar, não é ficar preocupada com quem vai ser candidato. Até porque há indefinições.”

Alheia às indefinições, Marina misturou as coisas definitivas que Dilma disse e tratou de definir as coisas. FHC estabilizou a economia, ela disse. Lula vitaminou as políticas sociais, acrescentou, antes de grudar no anzol a próxima isca que Dilma vai mastigar: “retrocesso”.

“A marca do governo Dilma tem sido a do retrocesso. Não gostaria que a presidente tivesse essa marca. Ela cumpriu o seu papel, mas o modelo se esgotou, não tem mais para onde ir”. Nada parece deixar Dilma mais aflita do que a ausência de uma logomarca capaz de resumir sua administração.

O programa de erradicação da miséria revelou-se mais do mesmo. A redução no preço das contas de luz perdeu-se na poeira de junho. O ‘Mais Médicos’ talvez não cure todas as ambiguidades insinuadas na nova isca de Marina: “retrocesso”.

As pesquisas indicam que a maioria continua a aprovar o governo. Mas os percentuais passam longe dos recordes pré-junho. Ninguém prevê uma crise iminente. A inflação é alta. Mas não explodiu. O PIB de 2013 será miúdo. Mas ficará acima da marca ridícula de 2012. As privatizações e os investimentos patinam. Mas os brasileiros continuam tomando o seu café com leite.

O que potencializa a sensação de retrocesso é a memória seletiva das pessoas. Estabilidade da moeda, ora, isto todos já têm! Bolsa família, ora, isto até políticos com mandato já usufruem! E o resto? A cobrança está na alma do ser humano. E governantes existem para ser cobrados. Numa fase em que a oposição hesita em apontar o que constitui “o resto”, Marina resume a lista inesgotável numa isca-síntese: “retrocesso”.

É como se a não candidata sentenciasse: até aqui, nada de novo sob Dilma. Só retrocesso. Os quase 40 ministérios, o toma-lá-dá-cá, o “BNDES voltado para o benefício de meia dúzia de empresários”. Marqueteira de si mesma, Marina coloca sobre os ombros de Dilma a ruína de Eike Batista, outro símbolo dos novos velhos tempos.

“A gente vê o BNDES sendo utilizado de maneira inadequada, para eleger alguns ungidos, que são os que recebem dinheiro do BNDES. Só para o empresário Eike Batista, foram mais de R$9 billhões, que foram praticamente jogados na lata do lixo. […] Imagine esse dinheiro sendo dado a jovens empreendedores, a quantidade de oportunidade que poderíamos ter em termos de geração de novos empregos e novos negócios.”

Nas ciências exatas, especialmente na física, o universo pode ser abstratamente descrito em concisas formulações matemáticas. Mas o objeto das ciências humanas é bem mais resistente à apreensão matemática.

Daí a dificuldade dos antagonistas de Dilma de transformar em esperança o vago sentimento de mudança que impede a popularidade de Dilma de voltar aos antigos patamares. De repente, Marina surge com uma isca que ameaça o futuro com o risco de subversão do passado. “Retrocesso”, eis o vocábulo que pode fisgar Dilma.Josias de Souza

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