Jornais amanheceram indignados com o fato de um presidiário, Natan Donadon, ter conseguido preservar seu mandato parlamentar; para o Correio Braziliense, ele é “Sua Excelência, o presidiário”; no Globo, o “deputado preso por roubo”; Veja aponta “ultraje”;
No entanto, uma resposta como o fim do voto secreto seria ainda pior para a democracia, tornando parlamentares reféns do berro e da pressão dos meios de comunicação
Na manhã desta quinta-feira, os jornais chegaram às casas de seus assinantes pintados com as tintas da indignação. No Correio Braziliense, o deputado Natan Donadon passou a ser "sua excelência, o presidiário".
No Globo, é o bandido "preso por roubo", inocentado por seus semelhantes. Em Veja, aponta-se que a absolvição foi liderada pelo PT para proteger os "mensaleiros". A decisão da Câmara é também apontada como um "ultraje".
E o blogueiro Reinaldo Azevedo renovou a pressão para que o Supremo Tribunal Federal determine a cassação dos mandatos - o que já foi decidido pelo STF e compete apenas ao Legislativo.
Ainda que a decisão seja efetivamente um "ultraje", a resposta do parlamento ao grito da mídia pode colaborar para solapar de vez a democracia brasileira. O presidente Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que só votará novas cassações quando cair o voto secreto.
Ou seja: eventuais cassações de João Paulo Cunha (PT-SP) e José Genoino (PT-SP), condenados na Ação Penal 470, só ocorrerão se, até lá, os deputados já tiverem decidido julgar questões desse tipo em votações abertas.
O problema é que o voto secreto existe justamente para proteger o parlamento de pressões ilegítimas. Essencialmente, é uma conquista democrática, que evita a transferência do poder de representantes eleitos para grupos de pressão, como são os meios de comunicação.
Em votações abertas, quem ousasse divergir do Globo e de seus assemelhados seria linchado. Será que é esse o melhor caminho para a democracia brasileira?
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