A postura anunciada pelo Estado de não mais negociar as reivindicações dos policiais referentes à greve na virada de 2011 para 2012 é firme, enérgica, corajosa – e extremamente arriscada. Todos os agentes públicos que se manifestam afirmam ter informações sobre o movimento, garantem ter o controle da situação e asseguram que as cenas absurdas do ano passado não se repetirão.
A manifestação incisiva do secretário do Planejamento, Eduardo Diogo, no O POVO de ontem, sinaliza que o governo deve mesmo absoluta convicção de que a situação está sob controle. Porque não há meio termo em jogada de tal ousadia: ou dará muito certo ou muito errado.
Pela primeira vez, o governo age de modo a atacar o motivo central do colapso havido em 3 de janeiro de 2012: a falência da autoridade do comando sobre a tropa. É verdade que escalar Ciro Gomes (PSB) para uma “ajudinha” informal na segurança pública não deu lá grande contribuição para fortalecer a posição do secretário Francisco Bezerra.
Fica claro, por outro lado, que a postura mudou de agora em diante. Um ano e quatro meses depois de sua mais desmoralizante demonstração de fraqueza e de ter ficado refém de PMs amotinados, o governo Cid Gomes (PSB) pretende mostrar força.
Sem entrar na discussão sobre o método adotado, a retomada da autoridade - se bem sucedida - é não só positiva como necessária. O aspecto preocupante na nova postura é o tempo: a Copa das Confederações será no mês que vem.
Pior ocasião não haveria para acirrar os ânimos da tropa. Se houver novo colapso do aparelho de segurança, as consequências serão desastrosas. E é evidente que as associações que representam policiais sabem disso e trabalham com isso.
Por outro lado, o Palácio da Abolição parte para o tudo ou nada. Afinal, continuar a empurrar a situação com a barriga o deixaria refém justamente durante o que talvez seja o evento mais importante que o Ceará já recebeu – e que servirá de teste para outro muito maior, a Copa do Mundo de 2014. Seja qual for o resultado, o nível de tensão já é o maior desde a greve. O governo apostou alto.
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