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domingo, 19 de maio de 2013

POR QUE A BASE TRAI

Por .   Postado  domingo, maio 19, 2013   Sem Comentários

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A vitória na votação da MP dos Portos no Congresso não esconde os problemas da articulação política do Planalto e do fisiologismo da bancada governista



Na Câmara de Deputados, a votação levou 23 horas, uma das mais longas da história do Congresso, e produziu imagens inesquecíveis. Deputados foram fotografados enquanto dormiam em plenário. Também fizeram fila indiana para dividir um jantar na madrugada. Tarde da noite, um parlamentar chegou a ser conduzido de volta ao local de trabalho quando se encontrava levemente embriagado.

Mas o placar final desfez falsas impressões geradas por tanta coreografia. Na Câmara, em razão de uma folgadíssima maioria a favor, a questão se resolveu por voto simbólico de lideranças. No Senado, o placar final foi de 57 votos a favor e 7 contra, além de cinco abstenções.

No Senado, o voto se deu em clima de manada. Não há notícia de que, em menos de 24 horas, alguém tenha sido capaz de ler a íntegra da medida provisória, com todas as emendas e destaques, um calhamaço superior a mil páginas. 

Pela manhã, Dilma ligou para o presidente do Senado, Renan Calheiros, pedindo empenho. Renan prometeu o possível e, reunindo os líderes aliados, acertou que iriam driblar normas e convenções para garantir a votação no prazo combinado. Para tranquilizar os presentes, Renan prometeu aos demais senadores que seria “a última vez”.

A política é sempre a expressão de interesses de uma sociedade – tanto em seus consensos quanto em seus conflitos. Quando falta espaço externo, os adversários ocupam o espaço interno, encontrando um novo caminho para transportar interesses. Embora alinhados com o Planalto, os dois lados envolvidos nos debates sobre a MP dos Portos participavam de um baile de máscaras sujeito a múltiplas interpretações.




Com outras sete medidas provisórias pela frente, sem falar no próximo Orçamento, que terá o mesmo Eduardo Cunha como relator, é difícil imaginar que Renan será capaz de manter a palavra. Mesmo que conte com o auxílio de Claudia Lyra, a eficiente secretária da Mesa que, enciclopédia ambulante quando o assunto é regimento interno, salvou o presidente de várias armadilhas em que a oposição tentou colocá-lo na quinta-feira.

 Há uma questão de fundo e ela é política. Já passou o tempo em que os parlamentares aliados se queixavam do “estilo Dilma”, eufemismo para dizer que tomava as decisões de modo centralizado, sem consultas nem consideração pelo ponto de vista de seus interlocutores.

 Eles se sentem abandonados por verbas, que não aparecem para as emendas – legítimas ou não – que querem enviar a seus eleitores. Também se sentem desprestigiados, como se o Planalto ignorasse que cada membro do Congresso representa 1/594 de um dos três poderes da República. A votação da medida provisória mostrou uma bancada imensa mas indiferente, com mais gordura do que músculos, disposta a assustar e até a trair – e isso é motivo de preocupação de qualquer governo.

NO SENADO, NÃO HÁ NOTÍCIA DE QUE, EM MENOS DE 24 HORAS,
ALGUÉM TENHA LIDO UM CALHAMAÇO COM MAIS DE MIL PÁGINAS
.ISTOÉ

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