Duas fraquezas hoje corroem a administração Cid Gomes (PSB) e, se não receberem respostas adequadas, comprometerão a avaliação dos oito anos do mandato que tem a ambição de demarcar seu lugar na história. São elas a criminalidade e a seca.
O governo, justiça se faça, não está alheio aos problemas. Tampouco peca por omissão. Mas, resultado que é bom... O fato de muito dinheiro ter sido gasto sem efeito prático satisfatório só torna a situação pior. Os dois casos são espantosos.
A segurança já era prioridade do governador na campanha de 2006. Após eleito, buscou saídas criativas para o comando do setor, não economizou gastos – não é de todo exagero dizer mesmo que foi perdulário com o dinheiro alheio. Passados quatro anos, fez opção radicalmente oposta, em rara caso de troca relevante de secretário. E, a cada intervenção, a impressão que deixou foi de que mais se agravou o cenário.
A seca é de outra natureza – assim como deve ser a reação a ela. O fenômeno climático está configurado desde o ano passado. A rede de proteção federal e estadual evitou que as pessoas morressem de fome e sede, mas não amenizou a falência econômica que se abateu sobre o Interior.
Não se foi além de arremedo emergencial à espera de que chova o mais cedo possível. Até a presidente Dilma Rousseff (PT) visitou ao Ceará, há mais de mês, e deu ao Estado além do que foi pedido, conforme o governador. E, tal qual na segurança, o cenário se agrava a cada 15 minutos.
Enquanto isso, os dóceis deputados estaduais protagonizam espetáculo repetitivo de cobranças ao Governo Federal – justas, vale dizer – mas fazem de conta de que a administração estadual nada tem com isso. Jogam para as plateias interioranas que padecem com a falta de água sem se indispor com o governante que está mais próximo.
Não tem faltado dinheiro nem ação: a escassez tem sido de capacidadea. Se não resolver esses dois desafios que se colocam de forma imediata, Cid pode até fazer o sucessor - o mais provável, aliás, é que o faça, em qualquer circunstância. Mas encerrará o mandato de forma melancólica.
O LUGAR NA HISTÓRIA
A despeito de seus muitos erros – além da segurança e da seca, cabe menção destacada à tragédia na Cultura – a gestão Cid tem méritos importantes. Conseguiu, por exemplo, dar o salto que a era Tasso Jereissati (PSDB) não conseguiu na qualidade da educação, para além de colocar os estudantes na escola.
Embora, é verdade, ainda haja longuíssimo caminho a percorrer. Na saúde, a rede de hospitais regionais promete transformar a realidade do atendimento no Interior. São, convenhamos, dois setores absolutamente estratégicos, prioritários para qualquer governo. Além disso, o atual governo deu passo além do que as administrações tucanas já tinham dado no aperfeiçoamento gerencial.
A máquina pública no Ceará funciona muito bem na comparação com o que existe Brasil afora. Está muito à frente, por exemplo, da realidade da Prefeitura de Fortaleza. Já estava, aliás, quando Cid tomou posse, mas se conseguiu ir além.
O nível de investimentos que chegou a ser alcançado no fim do primeiro mandato do governador foi espantoso, embora tenha havido retração com o recente cenário de crescimento menor. De toda forma, o setor financeiro e gerencial do Estado funciona, efetivamente, muito bem.O POVO
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