O quadro é preocupante. Na fase democrática que o País experimenta, em raros outros momentos se pôde enxergar uma situação com as características graves que a crise atual apresenta. Um aspecto que pesa de maneira decisiva para alimentar o pessimismo reinante é o perfil dos personagens envolvidos.
Especialmente no Judiciário o fundamento do equilíbrio e do silêncio útil anda em falta faz algum tempo, o que exige um certo recuo no calendário político para entender que os fatos dos últimos dias têm a ver com o processo de tensionamento já em curso que nos trouxe à situação dos dias atuais.
Ministros que deveriam resguardar-se falam muito, sobre tudo, o tempo todo, muitas vezes, inclusive, sobre assuntos entregues à sua esfera decisória. Pior ainda é que um dos mais contumazes transgressores deste mandamento funcional é o Gilmar Mendes colocado no epicentro do problema da vez. Entre os parlamentares, mais numerosos e de perfis diversos por natureza, é sempre maior a chance de escapar um ou outro discurso incendiário e, até, inconsequente.
Some-se a isso a credibilidade em falta no nosso Congresso e está formado o caldo que dá sentido ao medo de muitos com o que está por acontecer no ambiente público brasileiro. Entre o descompromisso de uns e o despreparo de outros, há uma sociedade assustada diante da expectativa sobre os próximos capítulos de uma novela cujo final é difícil prever. E sem a certeza de que ele será feliz.O POVO
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