Após deixarem a Aldeia Maracanã, ocupada desde a madrugada desta sexta-feira pela Polícia Militar, os índios decidiram ficar numa das áreas oferecidas pelo estado em Curupaiti, Jacarepaguá.
De acordo com a Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, eles pediram ainda que o Centro de Referência da Cultura Indígena seja construído no local e o estado concordou.
Provisoriamente, segundo a secretaria, os índios serão instalados em duas barracas com beliches. Ao lado, haverá três conteineres: uma cozinha e sanitários masculino e feminino.
Pela proposta do Governo do Estado, apresentada aos índios durante reunião na quinta-feira, eles podem decidir pelo recebimento do benefício do aluguel social, no valor de R$400, ou podem voltar para a aldeia de origem, com ajuda do Governo do Estado, com o transporte, caso não aceitem ficar no alojamento.
Todos os índios que aceitaram sair da Aldeia Maracanã foram levados ao Hotel Acolhedor Santana II, no Centro. Os 22 índios ficarão com o primeiro andar do hotel e terão três refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar). Esta é uma das possibilidades de moradia imediata até que os alojamentos fiquem prontos.
No início da madrugada desta sexta-feira, policiais do Batalhão de Choque (BPChoque) ocuparam o prédio e retiraram todos os índios e manifestantes que ainda resistiam à desocupação da Aldeia Maracanã.
A tropa usou spray de pimenta e bomba de gás lacrimogênio para dispersar o grupo que tentava impedir a saída dos indígenas que ocupavam o local. Houve confusão e a Avenida Radial Oeste chegou a ser bloqueada nos dois sentidos. Há informações de que pelo menos um índio teria passado mal.
Na confusão, o repórter fotográfico do jornal O GLOBO, Pablo Jacob, também ficou levemente ferido após o estouro de uma bomba de gás.
À tarde, a Rua Primeiro de Março chegou a ser totalmente interditada na altura da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), no Centro, por causa de uma manifestação contra a ocupação do antigo Museu do Índio, no Maracanã .
A via foi liberada por volta das 16h e o trânsito continuou complicado até por volta das 17h.
Em entrevista à Globo News, o defensor público federal Daniel Macedo acusou a Polícia Militar de agir com truculência na desocupação do prédio. Segundo ele, a PM estava autorizada a entrar no museu, mas não da forma como aconteceu.
De acordo com o relações públicas da Polícia Militar, coronel Frederico Caldas, a PM só invadiu o prédio para evitar que o Museu do Índio fosse incendiado, já que alguns manifestantes colocaram fogo em uma oca e as chamas já estariam se alastrando para o prédio.
Ele negou ainda a denúncia de abuso de autoridade, e disse que a polícia atuou corretamente, 'usando da força necessária para liberar as pistas da Radial Oeste e garantir o direito de ir e vir do cidadão'.
O Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro também criticou a ação da PM. Em nota, o procurador regional dos direitos do cidadão, Jaime Mitropoulos, disse que a Polícia Militar agiu "com evidente força desproporcional" durante a desocupação do antigo prédio do Museu do Índio.
O MPF acompanhou, duranta toda a manhã, o cumprimento da decisão judicial da 8ª Vara Federal para retirada dos índios da área. Segundo o procurador, que participou das negociações, os índios se retiraram de forma ordeira, até a entrada da PM.O GLOBO
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