Passaram-se menos de duas semanas desde que foi ungido sumo pontífice. E, apesar do curto espaço de tempo de seu papado, Francisco já fixou uma marca e vem revigorando a imagem do catolicismo. Não há como ficar indiferente, e não se impressionar, com as opções de Francisco. Autênticas, ao que tudo indica, foram cultivadas em anos de vida regrada, hábitos simples e convivência com os mais humildes.
O Vaticano começa a se mover, e a mudar, na cadência de Francisco. Dia a dia ele vem irradiando lições ao mundo e cativando o interesse geral. Quem não se surpreendeu ao vê-lo pessoalmente pagar a conta do hotel onde esteve hospedado ao lado dos demais cardeais antes de ser o escolhido? Ou quando dispensou o carro blindado e seguiu em um veículo comum de frota da Igreja? Quantos não se comoveram ao vê-lo parar a comitiva na missa de posse e beijar um fiel enfermo que se encontrava na Praça São Pedro? Protocolos foram deixados de lado.
A pompa e circunstância estão sendo, gradativamente, revistas nos rituais, cerimônias e práticas cotidianas intramuros do Vaticano. Francisco rejeitou a suntuosidade dos aposentos oficiais – “aqui daria para morar 300 pessoas”, teria dito – e ocupará uma pequena ala.
Dispensou o trono papal e o substituiu por uma cadeira talhada em madeira. Recusou a estola bordada a ouro em seus trajes e seguiu calçando o velho e surrado sapato preto que usava em missões nas comunidades carentes.
nada de modelito tipo Prada do antecessor Bento XVI. Nem mesmo a opulência dos crucifixos cravejados de pedras preciosas. Francisco não quis sequer o anel de ouro – símbolo do poder católico – e mandou confeccioná-lo em prata, banhado de dourado. Para Francisco, como registrou na missa inaugural do pontificado, diante de uma plateia de ilustres convidados e chefes de Estado, “o verdadeiro poder é o serviço”.
A homilia, repleta de apelos em prol dos mais pobres, serviu para sacramentar sua opção. E aos que duvidavam do desejo do novo papa de enfrentar os mais delicados e caros assuntos da Santa Sé, vale observar ao menos a reação que ele teria tido no breve encontro dias atrás com o arcebispo emérito de Boston, Bernard Lah, acusado de acobertar padres pedófilos americanos.
Ao cardeal, que depois da denúncia foi transferido e ficou recluso em trabalhos administrativos na basílica Santa Maria Maggiore, no coração de Roma, pediu que se retirasse e que não voltasse mais àquela igreja. Ao seu jeito, com carisma e firmeza, Francisco está sacudindo alicerces e plantando as novas estacas da fé.ISTOÉ
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