Forçado a deixar o comando do Congresso em 2007 após 194 dias em que foi acusado de corrupções várias, Renan Calheiros deu a sua particular volta por cima e retorna ao mesmo e importante posto de cinco anos atrás.
Um comparação histórica mostra que senador alagoano trilhou um caminho singular desde que foi abatido.
Na Câmara dos Deputados, dos 13 presidentes pós-redemocratização, três protagonizaram escândalos no cargo ou pouco após deixá-lo -Ibsen Pinheiro (PMDB), Severino Cavalcanti (PP) e João Paulo Cunha (PT).
Não há sinal de que tenham qualquer ínfima chance de voltar aos "píncaros da glória", como foi definida a presidência da Câmara por Severino pouco depois de surpreender a República e vencer a eleição.
No Senado, dos 12 presidentes desde 1985, quatro também se envolveram em escândalos de vulto. Jader Barbalho (PMDB), ACM (DEM), José Sarney (PMDB) e Renan. Só Sarney conseguiu se manter no posto. Renan, chamuscado por graves suspeitas, patrocina agora sua volta.
Fora do Congresso, também é difícil encontrar paralelo. Henrique Hargreaves deixou o cargo no governo Itamar (92-94) e o retomou após as suspeitas se dissiparem. Não é o caso de Renan.
Uma comparação mais adequada leva a Antonio Palocci e a José Roberto Arruda. O primeiro, abatido sob suspeita de quebrar o sigilo de um caseiro, conseguiu notável reabilitação política e voltou a um ministério. Mas acabou apanhado outra vez em suspeitas de irregularidade e caiu novamente.
O segundo, que também havia conseguido se reerguer após o escândalo da quebra do sigilo do painel do Senado, acabou despejado do governo do Distrito Federal sob escolta policial.
Apesar do retorno à fênix, talvez Renan --aquele que "não foge à responsabilidade", segundo repetiu hoje um dos colegas que o defendeu-- tenha agora como maior desafio tentar resistir a esse desfecho.FOLHA DE SP
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