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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

COMO PROTEGER UM CRIMINOSO

Por .   Postado  segunda-feira, fevereiro 11, 2013   Sem Comentários

Esta é a história de como a Igreja Católica em Los Angeles protegeu vários padres criminosos durante anos e, longe de denunciá-los à polícia, fez o possível para evitar que as autoridades soubessem dos abusos sexuais que cometeram contra menores de idade. Foi assim que a Arquidiocese de Los Angeles tomou o partido dos criminosos e não o de suas vítimas.



Monsenhor Peter García era um criminoso. Documentos internos da Igreja Católica revelaram que o sacerdote abusou sexualmente de cerca de 20 crianças e adolescentes entre 1966 e 1984. 

Os documentos também mostram que seu superior, Roger Mahony, o ex-arcebispo de Los Angeles (EUA), sabia dos abusos, mas nunca relatou os crimes de García à polícia. Nunca. E já é muito tarde para fazer algo a respeito. García morreu em 2009.


No caso de García, os documentos - publicados originalmente pelo jornal "Los Angeles Times" e a agência de notícias Associated Press - mostram que Mahony, então arcebispo, enviou o padre a um tratamento psicológico para pedófilos no Novo México e depois o proibiu de voltar à Califórnia. E não o fez para proteger as crianças de sua paróquia, e sim para evitar uma série de processos.

"Creio que se monsenhor García aparecesse aqui na arquidiocese poderíamos enfrentar algum tipo de ação legal nos setores criminal e civil", escreveu Mahony em 1986 ao diretor do centro de reabilitação no Novo México.

Os documentos indicam que García admitiu às autoridades da Igreja que abusou de crianças e adolescentes. E não só isso. Confessou também que não temia uma ação legal contra ele, porque muitos desses menores eram sem documentos ou provinham de famílias de imigrantes (e não se atreveriam a denunciá-lo à polícia por temerem ser deportados).

Em 1987, monsenhor Thomas Curry, assessor da arquidiocese em casos de abuso sexual, concordou com Mahony sobre os problemas que a Igreja enfrentaria se as vítimas de García ou seus parentes vissem novamente o sacerdote. Segundo uma carta dirigida a Mahony sobre a transferência de García, Curry escreveu: "Segundo o doutor [nome censurado], há vários - talvez 20 - adolescentes e jovens adultos com os quais Peter esteve envolvido em um grave delito em primeiro grau. A possibilidade de que seja visto por um deles é simplesmente grande demais".

Tradução: Aqui temos dois dos principais líderes da Igreja Católica em Los Angeles conspirando para encobrir um criminoso, em vez de se preocupar com esses 20 menores de idade que foram violados e abusados sexualmente.

García voltou à Califórnia em 1987 e deixou o sacerdócio em 1989. Se alguma de suas vítimas o viu, não relatou à polícia. Ele morreu 20 anos depois, sem ter passado um único dia na prisão. Os dois protetores desse criminoso também não sofreram qualquer consequência legal por tê-lo encoberto. Mahony se aposentou em 2011. Curry deixou Los Angeles e trabalhou como bispo auxiliar na arquidiocese de Santa Barbara. Aposentou-se em janeiro.


A Igreja Católica lutou durante anos para evitar que esses documentos fossem conhecidos. Mas perdeu a batalha jurídica. Mahony, depois de sua publicação, disse em um comunicado: "Tenho um cartão de 3x5 de cada uma das vítimas com as quais me reuni no altar de minha pequena capela. Oro por elas todos os dias".

Que bonito. Mas rezar, neste caso, não ajuda ninguém. Só tranquiliza falsamente a consciência do religioso.

Mahony, é preciso reconhecer, foi um grande defensor dos imigrantes sem documentos. Por isso estranha tanto que tenha tido conhecimento durante anos desses abusos sexuais contra crianças sem documentos e não fizesse nada a respeito. Suas orações, mais de 20 anos depois dos abusos, não servem para nada. Não promovem a justiça, não ajudam econômica ou psicologicamente os indivíduos abusados e, francamente, soam como palavras ocas.

Se Mahony realmente tivesse se preocupado com essas crianças, deveria ter denunciado García à polícia, em vez de encobri-lo.


A verdadeira tragédia é que o caso de monsenhor García não é isolado. Os documentos mostram muitos casos semelhantes e um padrão de encobrimento por parte da Igreja Católica. 
As leis e o desejo de transparência nos EUA permitiram que nos inteirássemos de abusos como os cometidos pelo padre García. Mas em países da América Latina, por exemplo, esse tipo de denúncia raramente vem à luz.
García deveria ter passado seus últimos anos de vida na prisão e seus protetores - Mahony e Curry -, sofrer as consequências da lei. Mas nada aconteceu. Suas vítimas tiveram que seguir adiante sem nenhum tipo de desculpa pública ou compensação econômica.
Não. Sinto muito, mas rezar, nesses casos, não é suficiente.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves




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