Antes o recuo a persistir no absurdo
O desavisado que tomar conhecimento de que o governo que pagou R$ 650 mil para Ivete Sangalo inaugurar hospital é o mesmo que cortou as verbas para os municípios realizarem o Carnaval pensará que falta rumo ao Palácio da Abolição.
Ainda mais ao constatar que é o mesmo, também, que gastou mais de R$ 3 milhões com o show fechado de Plácido Domingo, para “testar” o Centro de Eventos. Os episódios são demonstração de que coerência nem sempre é qualidade e que a teimosia não é boa conselheira.
É imoral a realização de Carnaval com dinheiro público em município em situação de emergência, sem recursos para despesas essenciais e ainda por cima, em virtude da circunstância, com autorização para contratar sem licitação. Mas, ainda assim, é mais justificável que na inauguração do hospital – mesmo que seja o “maior do interior do Nordeste”. De todo modo, antes rever a postura a persistir no erro.
A seca não chegou ao Ceará em fevereiro, infelizmente. Já martirizava o sertanejo enquanto o tenor espanhol cantava Besame Mucho para a seleta plateia que foi até o equipamento da Washington Soares, em agosto passado.
Questionado pelo Ministério Público sobre a esdrúxula contratação de Ivete Sangalo, Cid Gomes afirmou que continuaria a promover eventos do tipo “doa a quem doer”. Não é assim que se governa.
Mesmo eleito e reeleito, o gestor não pode perder de vista que seus atos precisam de legitimidade– cuja conquista não se encerra nas urnas. Politicamente, precisa se renovar. Foi-se o tempo em que o diálogo e a participação popular na tomada de decisões eram vistos como concessão e dádiva de cima para baixo. São hoje requisito para qualquer gestão que se pretenda em mínima sintonia com seu tempo.
POR: ÉRICO FIRMO/O POVO
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