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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

EXPLORAÇÃO SEXUAL,OS TURISTAS QUE PREOCUPAM

Por .   Postado  quinta-feira, novembro 15, 2012   Sem Comentários


O crescente desembarque de estrangeiros é bom para o Brasil porque ajuda a movimentar a economia do país. Mas uma pesquisa encomendada pelo Sesi, entidade que presta assistência social aos trabalhadores da indústria, sugere que os turistas também podem ser alvo de preocupação.
O estudo aponta uma relação entre turismo e denúncias de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Os pesquisadores cruzaram o número de estrangeiros que visitaram as cidades de São Paulo e Salvador entre 2008 e 2010 com o de queixas ao Disque 100, serviço telefônico gratuito que recebe denúncias anônimas. As duas cidades foram escolhidas para a análise porque recebem um grande fluxo de estrangeiros, mas têm características diferentes. Salvador recebe mais pessoas a lazer, enquanto os negócios são o objetivo principal de quem viaja a São Paulo.
A conclusão do levantamento é que, em Salvador, o turismo parece ter uma relação mais direta com a exploração sexual do que em São Paulo. A cada 370 estrangeiros que chegaram a Salvador, houve uma denúncia. Em São Paulo, é preciso entrar sete vezes mais turistas (2.567) para que um caso seja registrado no Disque 100. Para o psicólogo social Marcelo Neumann, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e que comentou a pesquisa a pedido de ÉPOCA, é preciso cuidado ao estabelecer uma relação direta de causa e consequência entre turismo e exploração sexual. “É um fenômeno complexo, em que outras variáveis estão envolvidas”, afirma. O turismo não é a causa da exploração sexual. A raiz do problema é sócio-econômica.
Em Salvador, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a renda per capita são piores na capital baiana do que em São Paulo. A capital paulista ocupa o 68º lugar no ranking do IDH. Salvador está na 475ª posição. Isso significa que muitas meninas e meninos, oriundos de famílias pobres e vulneráveis, tornam-se alvo fácil de redes de exploração. É comum que esses jovens sejam agenciados à beira-mar ou abordem homens sozinhos na praia. A região Nordeste é responsável por 37% dos casos de exploração sexual no Brasil, de acordo com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
As conclusões do documento mostram que o país deve se preparar para prevenir a exploração sexual de menores às vésperas dos eventos esportivos. Estimativas do Ministério do Turismo dão conta de que 500 mil estrangeiros virão ao Brasil para assistir aos jogos da Copa do Mundo, em 2014. “Lá fora, há a percepção de que tudo é permitido na terra do Carnaval e das mulheres seminuas”, diz Shuy Wen Shin, professor de turismo da Universidade Anhembi Morumbi com doutorado sobre turismo sexual. Ele afirma que agências brasileiras anunciam em sites europeus, com pacotes que incluem os programas com mulheres e meninas. Até mesmo hoteis e taxistas servem de intermediários. Em nota, o Ministério do Turismo afirma que a lei brasileira não penaliza somente quem pratica, mas também quem facilita ou age como intermediário.
A divulgação da pesquisa é a primeira etapa de uma campanha de conscientização que será lançada pelo Sesi, em parceira com organizações europeias, em 20 países. Aeroportos, agências de viagens, bares e restaurantes receberão vídeos e panfletos para incentivar a denúncia. “Os turistas precisam saber que isso é crime por aqui também”, afirma Miguel Fontes, coordenador da pesquisa do Sesi.

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