DROGAS NA POLÍCIA DO CEARÁ

É extremamente grave o conteúdo apresentado na reportagem que gerou a manchete do O POVO de ontem sobre o drama de policiais militares envolvidos com entorpecentes. De acordo com lideranças da categoria, 90% das Licenças para Tratamento de Saúde (LTS) concedidas têm a ver com droga. Virou caso de saúde pública dentro da própria Polícia Militar (PM). É um problema para encarar de frente, mas o Comando não oferece ajuda e o Governo do Estado não tem interesse de dizer que sua Polícia está drogada. Desse jeito, a gente vai parar no caos?, projeta o presidente da Associação dos Praças da Polícia e Corpo de Bombeiros (Aspramece), Pedro Queiroz.

Não há mais como esconder um problema que atinge diretamente a quem deveria se ocupar em combatê-lo diariamente. Por isso mesmo, é estranho e inaceitável o comportamento adotado pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) em tentar escamotear uma situação que já se mostra sem controle. Qual o real interesse em não divulgar, por exemplo, a quantidade de licenças cumpridas desde 2011, e por quais motivos? Será que essa não divulgação minora a condição de dificuldade pela qual os policiais estão passando?

Ao contrário de esconder os dados, a SSPDS deveria sim tentar, com o apoio da sociedade e de outros órgãos do Estado, procurar ajudar essas pessoas que se encontram vivenciando dramas do tipo. Infelizmente, a praga do consumo de droga, em especial do crack, assola a todos, e a exposição do problema é a forma correta de tentar solucioná-lo.

Enquanto isso, como denuncia o sindicato, pouco tem sido feito pela corporação para tirar essas vítimas desse caminho ingrato. A Polícia jamais prestará um bom trabalho à sociedade se não voltar a olhar para dentro de si.