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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

DIRETORAS PEDEM A TRAFICANTES QUE NÃO ENTREM NAS ESCOLAS

Por .   Postado  segunda-feira, outubro 15, 2012   Sem Comentários

"Não implicam aqui com a gente, não. Se eles entram com uma arma (na escola), deixam no canto e vão jogar de bola”. A fala da estudante de 13 anos de uma escola municipal no Barroso era de quem tentava acalmar o espanto de quem ouvia. Aluna do 8º ano do Ensino Fundamental, a menina tratava o assunto com a naturalidade de quem é acostumada a conviver, todos os dias, com pessoas envolvidas em crimes. No Dia do Professor, O POVO tenta retratar o cotidiano dessas escolas.

A reportagem visitou três colégios municipais e três estaduais. As unidades foram apontadas pelo sindicato dos professores municipais, o Sindiute, e dos estaduais, o Apeoc, entre aquelas localizadas em zonas vulneráveis da Capital. O presidente da Apeoc, Anízio Melo, estima que 20% das escolas passam por conflitos mais graves. “É uma realidade tão difícil que a gente precisa apelar para esses jovens criminosos. Não temos opção”, releva a diretora de uma escola municipal.

Para evitar conflitos e manter as aulas, quatro dos diretores disseram que fazem o pedido para que brigas, tiroteios e venda de drogas não aconteçam nas proximidades dos colégios. “A gente procura manter o diálogo. Temos uma relação tranquila até certo ponto”, conta uma outra gestora, de uma escola estadual.

Este ano, quando um boato se espalhou pelas redondezas de que brigas entre traficantes ultrapassariam as portas de uma escola no Conjunto Palmeiras, a diretora telefonou para um dos chefes do tráfico, para cobrar o respeito a uma espécie de “acordo”. “Não chamamos a Polícia, porque os PMs não podem permanecer. Quando os PMs forem embora, quem vai estar por nós?”, lamenta. Os diretores ressaltaram que, geralmente, a violência acontece fora da escola.
Respeito à escola

Cercada de casas mais pobres, uma escola estadual no Planalto Ayrton Senna destoa do bairro. Com a estrutura intacta, o colégio parece não fazer parte do ambiente, já que os imóveis estão pichados e deteriorados. Existe um aparente respeito da comunidade à estrutura da escola. Apesar disso, o porteiro conta que foi preciso o colégio se adequar ao lugar. “Nós abrimos a escola uma hora antes de começar as aulas. É perigoso os alunos ficarem do lado de fora”.

Após a desistência de muitos professores de trabalhar numa escola estadual do bairro, um ônibus foi providenciado para levar os educadores até a porta do colégio. “Tem escola que tem até comboio. Os professores que têm carro acabam oferecendo ajuda aos outros”, revela a presidente do Sindiute, Gardênia Baima.

O fato da violência já fazer parte do cotidiano desses alunos não significa dizer que o temor não exista. “Eu diria que cerca de 70% dos nossos alunos tenham pelo menos algum familiar, embora distante, envolvido com o tráfico”, arrisca o diretor de uma escola municipal da Granja Portugal. São meninos e meninas que vivem no meio de uma disputa. “De um lado, está a escola, que dá alternativas. Do outro, a realidade que chama para o crime e é mais sedutora. É uma luta injusta”, diz.

Os nomes das escolas e dos entrevistados foram mantidos em sigilo para preservar as fontes

 FONTE; O POVO

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