ARMADILHAS VIRTUAIS.

Longe do caráter inicial, quando predominava mais como entretenimento, ou fonte de pesquisas e troca de informações, as redes sociais da internet assumem o aspecto bem mais abrangente de possibilitar sólidas oportunidades profissionais e engloba um mercado consumidor que só tende a crescer nos próximos anos.
De princípio caracterizados, sobretudo, como redutos do culto à personalidade, os sítios virtuais exercem atualmente importante ferramenta na consolidação de negócios e assumem, inclusive, papel de relevo no contexto das campanhas políticas.

O sucesso na exploração das crescentes áreas de influência dos sites está diretamente ligado à capacidade criativa com que blogs e outras inserções semelhantes são elaborados, mas não há mais dúvida quanto às suas potencialidades em favor da conquista de prestígio e na ocupação de determinados espaços com assegurada visibilidade. Há que se atentar, entretanto, para a qualidade do conteúdo e a confiabilidade de tudo aquilo que se pretende consultar ou divulgar.

Com a revolução ocorrida, através das mídias sociais, no campo da comunicação, o universo pessoal de cada usuário se tornou cada vez mais público e adquiriu inusitada relevância, a qual, se mal utilizada, pode se transformar numa perigosa arma de dois gumes, com amplo espectro de distorções e prejuízos.

Um dos mais condenáveis hábitos na utilização desse tipo de mídia, ainda não merecedora de critérios definitivamente esclarecedores no campo da legislação, é a compulsão de denegrir e atacar, quase sempre de maneira gratuita e capciosa, tanto indivíduos isolados quanto entidades e instituições. Essa prática recrudesce em tempos de campanhas políticas e, por vezes, decorre de ardis e manipulações detalhadamente planejados. O processo agressivo se desenvolve como se obedecesse ao dúbio conceito de que uma mentira repetida inúmeras vezes termina por massificar-se no imaginário popular e adquirir a falsa imagem de coisa verdadeira.

A lógica preponderante nas redes sociais, já entendida pela grande maioria de seus usuários, é a de que reproduzir e compartilhar notícias e veiculações diversas está na gênese do mundo virtual. Tal efeito multiplicador, que também representa um dos itens básicos do significado da propaganda, faz-se exercer de forma cada vez mais contundente, como se os benefícios e malefícios dele decorrentes fossem acentuados pelo delineamento de uma poderosa lupa e, o que mais grave, acaba por diluir, de modo sensível, as responsabilidades dos autores originais.

Inúmeros fatos que, em um passado relativamente recente, ficavam restritos ao âmbito local, através da divulgação em massa da internet, se propalam em dimensão nacional ou, até mesmo, internacional, alcançando diversificadas faixas de público dentro de um meio há muito não mais limitado apenas a jovens curiosos e pesquisadores.

Cabe aos usuários saber discernir, com isenção, sobre o que deve ser considerado com seriedade, sem se deixar envolver por apelos fáceis e de má-fé. Um dado é essencial e meridianamente claro para o exercício pleno do discernimento crítico: identificar que o insulto, a agressão e a vulgaridade sempre se agregam, em seu cerne, à insídia, à calúnia e à mentira intencional, características visceralmente demolidoras de qualquer espécie de idoneidade e credibilidade. Em períodos de decisão política, quanto está em jogo o futuro da população citadina, é imprescindível atento empenho para que as verdades prevaleçam.DN.