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quarta-feira, 4 de julho de 2012

MEDO DAS RUAS EM FORTALEZA

Por .   Postado  quarta-feira, julho 04, 2012   Sem Comentários


Aquela noite de quatro anos atrás ainda está viva na memória da comerciante. Vez por outra, sonha com o homem de feições sisudas. “Ele me bateu, me chamou de vagabunda e levou uma parte do dinheiro que eu ia usar pra comprar mercadoria”, remonta. Desde então, andar com valores minimamente elevados é algo dependente da companhia de outra pessoa. 
A mulher viu o medo virar rotina e passou a integrar uma estatística preocupante. Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) aponta 46,5% dos moradores de Fortaleza com receio de deixar sua casa/trabalho para resolver problemas (ou divertir-se mesmo) durante o dia. É o quarto maior índice do País. Belém (PA), Recife (PE) e Belo Horizonte (MG) ocupam as três primeiras posições, com 60,6%, 54,2% e 50,2%, respectivamente. São Paulo só aparece em oitavo.



Já após o chamado horário comercial, a pesquisa indica que 36,2% dos moradores de Fortaleza têm receio de andar pela cidade. É o segundo maior percentual do País. Apenas Belém está em situação pior (44,3%). Recife apareceu em terceiro lugar, com 32,5%. São Paulo e Rio de Janeiro, recorrentes em casos de violência extrema, ficaram em oitavo e nono lugares, respectivamente, com 17,9% e 16,1%. Onze capitais foram analisadas no levantamento do Núcleo de Estudos da Violência da USP. Os rankings foram elaborados pelo O POVO (ver quadro).

Violência
O relatório da USP explica o porquê de percentuais tão elevados. Para a universidade, a violência adquiriu caráter crônico e tem o medo como um de seus principais efeitos. “(...) algo mais universal, socialmente compartilhado por grupos de todas as idades e condições econômicas, sociais e educacionais”.
Coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos, Cidadania e Ética (LabVida) da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Glaucíria Mota Brasil alerta para um aspecto perigoso. “A convivência com o medo, provocado pela insegurança dos lugares e espaços da cidade, gera comportamentos neurotizantes de suspeição nas relações cotidianas com o outro (o desconhecido), uma vez que a ida à farmácia da esquina ou ao banco 24 horas pode ser seguida de uma abordagem criminosa”.
Algo refletido, por exemplo, na defesa de medidas radicais como a pena de morte por 57% dos fortalezenses. Foi o que retratou essa mesma pesquisa da USP, em dados divulgados com exclusividade pelo O POVO no último dia 6. “O medo e a revolta provocados pela insegurança podem ser motivadores de atitudes extremas pelo simples fato de que o sentimento de não estar protegido é um dispositivo perigoso quando tensionado pelas contradições de uma sociedade apartada e desigual”, explica Glaucíria.

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