A INFLUENCIA DO HORÁRIO ELEITORAL NO RESULTADO DA ELEIÇÃO

“Embora o senso comum nos diga que o povo não gosta de assistir propaganda política, não há como fugir, principalmente das pequenas inserções.” É o que afirma o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e especialista em marketing político, Raul Francisco Magalhães. “E um fracasso, uma decisão ruim de publicidade influencia muito mais que uma campanha bem feita.”

O eleitorado no Brasil é composto, principalmente, por mulheres e pessoas com o ensino médio completo, mas não deixa de ser heterogêneo. Os responsáveis têm que tentar atingir um eleitor universal, sem se concentrar em um público específico. “É por isso que sempre se fala dos mesmos temas. E quando uma candidata com uma proposta diferente, como a Marina, aparece, não consegue ser tão expressiva.” Explica Raul.

Isso porém não significa que a população não tem senso crítico. A experiência pessoal de cada um, seus juízos e preconceitos, inclusive a religião molda a intenção de voto de um eleitor. “Não adianta dizer que a saúde está ótima se a pessoa fica seis meses numa fila para ser operada. E um católico, por exemplo, jamais votaria em propostas que vão contra o que ele acredita”. Diz o professor Raul Magalhães.

O candidato a deputado federal pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) João Roza reclama da imparcialidade nos debates e na distribuição dos minutos de aparição. “O horário eleitoral é importante para a decisão das pessoas, mas reproduz muito bem a desigualdade entre as candidaturas. Os partidos que estão no governo sempre ganham mais tempo, enquanto os pequenos chegam a ficar de fora de debates”.

Estudos como o do cientista político Antônio Fernandes, na pesquisa “O horário gratuito de propaganda eleitoral e as eleições ao governo do Estado de São Paulo em 1998” mostram que conversas com amigos e parentes são os fatores que mais influenciam na decisão de um candidato, mas a grande maioria da população decide seu voto pelo que vêem na TV.